segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Ele.

Ele sombreia meus sonhos
quando tudo esta exposto ao sol
cru e seco ao sol
Me diz um riso
e a água me toca os lábios
e as bocas se fazem mar
de marola de espuma...de sereias
E em todo canto me acompanha
esse passo de rua no qual ele caminha
em direção ao meu subterraneo
como se ali houvesse... mais das frutas e mais das flores
e encontra... encontra o que nem eu mesma achara no meu jardim
e ali ele clareia
apenas por estar
em meus braços...
Que acolho... desperta e arisca
e nem sei se me aconchego
mas na leveza uma rede em mim descansa...
descansa... essa mente de mosaicos quebradiços
Descanso... do tempo
e da vida
e da morte
e dos pontos que desconheço...
Um lar...
que se amedronta com meus sapatos gastos
e essas minhas mãos
que mesmo quando acarinham aprecem dizer adeus...
Um lar...
Ele não sabe...
que é um todo dele
nesse amor... que me recuso a dizer
por me cansar das palavras
falso porto seguro
nessa imensa correnteza...
Mas Amo.
e amando me desfaço das malas
e dou nudez para meus pés.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Meu silêncio.

Meu silêncio furioso tem garras
que vão me crescendo nesse jardim de espinhos
grosseiros...que vão abrindo meu horizonte
com a fúria dos sésseis que querem correr
Com o desespero canino no uivo
como a trinca de metal batendo em rocha
Ele se entoja
da cantoria frenética
desse ter de ser algo
como um posesso escarneia no dever de posse
E sapateia de agulha esse solo enconcretado
Desmancha no riso de silencio
a praça dos prazeres e dos pesares...
e a peça dos atores e do xadrez
no branco e preto
ele grita VERMELHO
e cospe rosas do arbusto mais alto

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Meu Avô.- " Onde Deus te colocou a mão?"

Porque ele é bahiano
porque tem sangue porreta nas veias
porque ele é dono da peixeira
Porque para ele sou sebastiana
porque ele sempre estava nos meus aniversarios
porque ele sempre acha que é maior que eu
porque ele diz que eu limpo a mão na saia como a sua mãe
porque ele viu do céu chover peixe
porque ele repetia mil vezes a mesma piada
porque ele tinha um fone maior que minhas mãos
porque ele arrasta os pés como meu irmão
porque ele apertou com a força a mão do meu namorado
porque ele chorou quando sua mulher morreu
porque quando eu era pequena ele me trazia balas de hortelã
porque eu dei-lhe um véu e ele me riu por ser homem
porque ele só tira o bigode por promessa
porque ele tem as mãos do meu pai
porque ele tem um olho cinza de cegueira

Mas principalmente
Porque até o fim ele soube rir.
E partiu...

Sobre a força o pensamento e o desenho de uma flor...(Reflexão desconexa)

A guerra... a paixão e o vazio.Me parecem palavras da mesma cantiga. Seresta dos apaixonados que não sabem a quem debulhar suas lágrimas e a quem dar o rumo dos passos.O campo sangrento é pesado em dizer... mas o conflito se debate tão cru em sua repetição que até desinspira uma nova canção.A vida humana...é o sobressalto daquilo que não podemos dizer...porque a palavra é rasa.Porque meus olhos só vêem a vida que me cabe ver...mas além disso cabe a mim todas as palavras ditas por todos os tempos que não estive aqui...eu sou um ponto da reticências.Mas me exclamo como unica.E amo.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

Parabens para o tempo.(verso hermético)


Foi se despindo aos poucos
meu eu todo de antes negro de sandália ao avesso.
De palavra na garganta
de garra nos olhos...
que os gravetos do cabelo escondiam
Despiu-se o eu
da menina cabreira
nos cantos de botão aberto
De um mar estranho na alma.
E...meus chinelos da esquerda na direita
do direito que me preservo
em ser... aquilo que tento.
Livre...ainda que roube da palavra o peso
E do amor o sujeito.
Livre...ainda que me rasgue em silêncio
e ria do elo que antes me era eterno.
E da eternidade a tola linearidade dos dias
que tento viver em mordidas
águadas...de suor e lágrimas
e outros liquidos que ainda não sei o nome.
E nego o que sei
porque esse não basta.
Não dá a margem para o gosto que canta nos lábios
que calmos em outros se animam
Mas que em calos sáliva a entre linha
que ainda hei de chegar.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

A realidade bateu em minha porta e eu abri. Senhoras e senhores:

Passou por entre o vão dos meus dedos a fome arredia sufocando seu coral humano.
E nos cilios grudaram a faca, a foice e o trevo
No buraco clareado o feixe embaçado de suor
Arrepiou a nuca a sólida pupila da morte
E sussurra em brisa um choro de nascimento...
Nasce o sol.
Nasce o sonho.
O sal e o solo,
que brota como criança
e dança...uma dança
que ainda... não sei ao certo como devorar.

Lar.

Eu me dissolvo na areia
mas do que ela em meus pés
É tanta sáliva amante-amiga brincando de cantiga para lá e para cá.
Se sou um grão, sou também todo esse alem sem mim...
Sem mim...devolvo... sem minguar...sem mágoa.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Cadente.




A folha de um concreto
Sombreou meus olhos
Dando a luz turvo fio de átomos
Cinza brusco rígido e fálico
Meus olhos sombreados.
Caminharam pela terra
Noites e dias incontáveis
Dentre eles margens de rios esquecidos
Amores dentre conchas despedaçadas
Pedaço de piso embaçado
Traçado incompleto de dias
Rabisco de saliva
Nas discusões dispersivas

...Meus olhos num dia de chuva
E a dura folhagem
Impermeável de dizeres
Aponta por entre os dedos imaginários
As gotas cadentes.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Sim.



Amo-te sim.
Sem saber amar amo
Amo assim
Coloridamente em pestana
Amo em acabrunhadas pinceladas
Esperando a vista do que seduz
Para amar largamente
Sem medo da correnteza
Fazer dança maior .

Um caso- A menina o padastro e o padre.

O sonho e as pernas se rasgaram
Era o monstro do quarto ao lado
Que dormia com sua mãe calado
Mas babando de abuso entre as calças
Tirou o horizonte do pássaro
Jogou semente na violência
No útero ainda mal feito
Útero macio de menina na ciranda
Ou ciranda deveria haver
Mas não ouve
Como não ouvirão seu grito
Pelo mundo partido
A semente jogada fora
Fingi limpar o gozo amargo
E o homem de saia vulgo de deus
Sentencia o inferno
-Para o monstro meu senhor?
Não! Para a fêmea menina que se recusou parir.

Ok.

Convenceste-me acidua mente
O amor não existe.
O que existe é você
E eu existo às vezes também...
Faça tuas fogosas danças
Apalma amarela meu ex sorriso
Em tua sombra
Canta, porque é assim a dança da certeza
Que eu vou esconder embaixo das saias os sonhos
E não as rodo mais...juro.
Concluíste-me com a marcação cerrada da realidade
Essa coerente solução amarga
- O amor não existe para ti.

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Temporada das Flores.(o objetivo do Amor II)


"Eu te trago milhões de presentes que eu achava que ja tinha perdido
mas estavam na mesma gaveta que o
calor das pessoas e o amor pela vida."

É dificil dançar a dois
Quando o mundo são milhões
É confuso o passo quando o passado faz sombra
Mas faça-me o favor
Faça da sombra sombreira de descanso
Que nela enfeito meu balanço
Com o sorriso maior que minha alma pode dar
E quando o cansaço da vida fazer que duvidemos
do dia primeiro que nos vimos
Vislumbra ao longe um novo passo
E planteia um novo dia na Embaúba
que respira alto... mais alto... que a roda louca da vida
E nessa roda... dancemos de mãos livres
Que já não importa os dizeres... nem as promessas...
Pois já somos muito além do que um dia sonhamos.




sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Buda,




Rio.

Porque um peixe dourado voou no meu espaço

E o espaço nada meu inibiu-me com sua

Risada aguada.

Verso bobo e vermelho.

É vermelha deveras a cor dos olhos que me saltam

Não quero a paz amansada de uma lata

Quero a vida em partes inteira

No infinito e na reticência

Vive a flor da vida

Tão finda, quanto qualquer coisa...

Tão linda quanto o giro da rapariga

Que torta já dança,

E se os pés sangram?

Prossegue a dança no turno de tzigane.

Que não é de estrela a melodia

É de terra e armadilhas

Mas guarda nas entre linhas toda paixão da poesia,

E não é poesia

É VIDA...VIDA...VIDA.

Tantas formas já sorriu.

Tantos risos de gozo partido

Tantas delicadas erupções...

Pedreira.

O que é a poesia diante da fome?

Qual estrofe ritmifica a catástrofe diária?

Que poeta traceja a retidão da agonia do medo?

Qual arte se faz linguagem do silêncio miserável?

No fundo o dito da garganta estrelar

Pode ser apenas um estranho anseio pelo pão

Que se não sacia a fome prática

Pratica pela veia o alimento de sentir

Sentir-se tocado a grossos dedos, pela realidade brusca;

Que segue no ritmo marchante a lei da ordem de um ser imaginário

Mas a fome esburacada dita regras

Pontua errada a frase

Encerra a arte aguada

Soro lacrimoso

Canja inexata

Fingindo calar o sopro maior da vida

...E calando de fato.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

O Objetivo do Amor.

Me traça assim teu plano
Por entres meus dedos o meio fio
Que a vida se ri inteira
da minha pretensa seriedade.
E os caminhos que são imensos
Sempre...sempre no mesmo fim...
Vão criando para mim imagens
Que de longe muito longe
Serão os dias que constituiram meu verão.
A palavra e a promessa
São só palavras ainda sim...
Amanhã o sol muda
E eu também.

terça-feira, 28 de julho de 2009

Uma Lei.

Na escada o adulto tropeça
Entre as pernas do próximo
E as suas retardam
Pronto para queda.
O choro contorce a seriedade
Do trabalhador atrasado para o dia
É o humano que até então se julgava esquecido...
E foi a violência que violou o sinal
Da rotina insistiva do mercado
De corpos,peças e amores.
É vermelho e não a poesia nesse canto
Rasgado de terra concreta
Ela que se mantem sóbria
Sombreia o peito calado
E a pupila dilatada diante
Da resposta dos dias
Que ninguem perguntara e jamais imaginava...
Mas estava sendo contado.

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Lua Fêmea.


Não sou flores.
Não digas o avesso! não pense perfume!
Sou seio e água sálubre
fruta carnudo de lábio
Caule fincado no concreto
Fogo azulado de ser.
Se seiva corte ralo
Sou poço negro do gozo
E se rasa sou sua água
É que pinto o contorno do nome,
Fingindo de abraço o rasgo que a Vida fez
Se me mentes, nunca há voz de ecoar
E se me falta a faltas o dito
A minha grita folha-verde
No impulso das mãos de arco
...
É nos olhos risca-ruga
Que opto por ser:
Mulher, ao invés
de vaso vazio esperando ser cheia.

quinta-feira, 23 de julho de 2009

A TRILOGIA DO RISO!


Primeiro Riso-I

Três dentinhos na frente..

Com uma janelinha de ver nuvem.

Na goela se pendurou um sino.

Que gargalha a chamar a vaquinha que rumina.

NA gengiva vermelha.

Sete notas, de Dó chama a si.

Ré moeu no sustenido para LÀ fazer um passivo passinho de passarinho de ca para lá duplo.

E MI im se debruçou aberta nú(m) cantinho do SOL

Fá...zen o que da nota de equilíbrio?

Os lábios racham.

Ao se abrirem.

De um musical escuro.

E mudo...mudo.

Mas de mudo o mundo se abre.

E já nem mais janela segura.

Acima.

A “comple nitude” do sorriso.

E um vestígio de choro de placenta.


Meio Riso-II

Vinte e três dentes.

Retos, formam uma estrada bucal.

Lustrosos.

Abertas um dia, e esquecida de se fechar.

No rosto um largo rasgo.

Brota dentes de rodas a r rotas e direções.

Pintou alguns brancos.

Cera e pasta escorregam.

A linha invisível ,costurou lábio com lábio.

Hálito semi virginal.

Com um traço fino de palito e nylon.

Um pingo de chuva tinta.

Caiu nos olhos raso.

E aberta se arrastou,expansão cortando em uma queda.

Estrondo e tilintar de autos.

Quebra.

Silencio.

Sozinho.

Descobriu o eco do verbo.

Que sorria alto de fato.

Aberto, passional, inundado e claro.


Ultimo Riso-III

Duras pérolas.

Terra e sol.

De por já se foi.

Mar arrebenta de caos.

Finas bocarras.

...Não flutuam nessa água(não mais)

Afundam sem se aprofundar.

Fadiga na saliva.

- Que pinga agridoce!

Que dedos assados.

Traços...tratados calos cacos marcados.

Eca! “trololó.”

Amargo.

A espuma ainda jorra.

Na mesma e idosa margem.

Arrebentada.

O gosto insiste.

Persiste.. a permanência.

Aquele e esse.ali fala do qual?

De tudo igual.

Até essa imagem. espelho enferrujado.

Passou-se esponja de aço.

Na visão opaca.

Refletiu o som.

Eco de imagens.

Não vindas, ou vividas.

E a vida se reverte.

E de novo.. a pele enrugada desmaia.

No gozo primordial.

Esquece.

Desmaia.

Ama.Delira.

Dentro avesso e afora.

Então o riso de infinito.

Tres dentinhos, uma estrada e uma portinhola arreganhada para as estrelas.

Avesso.

O Mundo se contorce
Distorce. Eu me viro.
Em rigida figura
Ou no mercado mole e insinuante...
Porque o Mundo se contorce
E eu não me ajeito
Um sonhador viceja
O poeta boceja
A guerrilha se enfileira
Quando o mundo se contorce
O planeta o rejeita
-Mundo somos nós!
A palavra vagueia
O sonho esperneia
Pois o mundo se contorce
Tudo...veja. Em silêncio
Germina Broto desajeitado
E arrota enfadado a palavra dinheiro.

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Silêncio.


A poesia não tocou nenhuma das suas canções
Ações assim costumam mover estrelas
Mas elas permaneceram assim...
Caladas sem calidez
Cálice de palavra alguma sou eu transbordante
Naquele instante
Que insiste em tardar.

terça-feira, 14 de julho de 2009

Velhas Incognitas.

Se senta.

Sentamos.

E decidimos enfim nos mostrar,

Correndo das máscaras.

Abrimos nossos segredos como cartas seladas.

Depositamos para todas incógnitas um ponto final.

E o que se ouviu.

Foi um silêncio mudo.

Nada foi desvendado ou relevado.

Cada qual, ficou enfeitiçado

Com a beleza de seus próprios mistérios.

Creio.

Não presta o vocábulo
Nem suas virtudes em fileira
O amor meu bem não as quer!
Não mostre seu álbum de retrato
Nem seu espelho estimado
Nem sua coleira;
Nem sua cólera.
O amor brilha quando bate sol na saliva
E basta!

Ioga.


Desenreda dos teus pés o passado

Desembesta com destreza teu desejo

descabido como teu corpo exacerbado

Desenterra sua alma dos escombros

Do desacerto encolhido na passagem

Desarmada de sentido ou miragens

Decaia como o sopro do que foi

E se delicie assustado com a estranha dança do presente.

Filha.


Sou ascedente em água
Enquanto meu corpo flameja, questiono.
O cromo da minha alma
Que transborda na cheia
que só a lua viceja.
Plácida como a menina
que eu jamais flui.
Porque sou da terra
aquela morena lânguida sempre grávida
Que se abre e se desmancha
na lama e na enxurrada
Toda terra avermelhada
Onde as raizes se intrincam
E brotam como um sol submerso
De verde e caos.

O dia.

Foi bem simples... amanheceu.
E eu coloquei minha flor nos cabelos... pintei um sorriso e fiz um mantra da constancia.
Pensei em gangorras... estava desenvolvendo um pensamento sobre ser talvez...a fixa base ou o gostoso balançar.Não cheguei a conclusões.
Logo...mil poesias sombrearam meu ser. Digo meu ser... pois não sei onde guardo as poesias.Não sou boa em guardar coisas... só tenho a intuição de onde esteja... de onde esteja meu corpo... de onde esteja minha Alma... só intuo o que sou. Ainda que as vezes sinta meus dedos dos pés até meus cabelos...inteiramente Vida.Isso ocorre...e isso para mim é Alegria. Talvez eu tenha a necessidade de pontuar e linearizar... e nem sei que tenho essa mania. Se a tiver... tenho muito o que aprender. Pois o caos balança a frente e atraz...enquanto meus pés esbarram no chão... Gosto de gangorras.Devo ter visto alguma imagem quando criança...dela em cima de um desenho da Terra.Deve ser isso...
Amanheceu.
E o mundo se dissolveu... por entre os prédios, as buzinas a corrida...caminho assim...na janela.Vendo...como se meus olhos tivessem fome.Vou rezar para que a lua nunca mingue... e seja cheia eu e ela e a devore... não como esfinge mas como indigena selvagem...que come por fome... que come para ser.Meu peito que tem lá seus ares de dramático anda em climax com o seu favorito genero.Meio morrendo.
...
Meio morrendo resolvo escrever aqui a primeira mensagem.
Pobre.
Como esse dia que amanheceu.
Sem poesia.
Vai indo...