quarta-feira, 7 de novembro de 2012

Na minha Casa.

Na minha casa a água faz morada
namorada faz seresta
e cantiga faz ciranda
Na minha casa tem horta
de comer, horta de sonhar
e alguns bulbos floridos
tem silêncio alem de tudo...
tem mãos entrelaçadas e nuas
sem ferir, sem cortar...
só pousadas pássaros
com ninhos que se movem.
Na minha casa não existe teste
para entrar
se aconchega, puxa a cadeira
e começa a prosear...
conversa lenta de gente
que gosta de ser
coração mente e alma
sem ofender...
leve ou densa fumaça
o vento matinal espalha
brinca de inspiração
e convence aos visitantes
a permanecer o quanto quiser
e convida que o querer seja longo
estendido, espreguiçado desejo
sem bocejo... com sorriso
e lágrimas as vezes tem sua vez
pois nessa casa tudo cabe
nada sobra, não jogo fora...
o mundo que se mostra cru
a folha que se mostra nua
a palavra que se faz sua
e o nada pelas beiradas
esquece de assustar...
na minha casa a mentira
recusa a entrar...
expurgada com um sopro
e dá preguiça de revidar.
na casa minha...
a paz tem sentido.
(Foto: Alberto Kirilauskas)


Folha.

O leve suspira
abre os lábios e soa
piar, música sua
sede sendo fluido
água vinda da fonte
fronte alva e alma alvejada.
a folha voa...

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Caninos bruto.

"Se tens um coração de ferro, bom proveito. 
O meu, fizeram-no de carne, e sangra todo dia."
Agora que me despiste
encara a crueza da palavra
lambuza-te da verdade crua
que é um corpo que gemi
e sem pestanejar recolhe do meu infinto
os cacos da tua presença.
Em profusão esperançada
arranca a docilidade do poeta
e finja trazer para ti a rima
que jamais sangras-te.
A bela palavra
as belas mãos...
e os falsetes da voz
embriaga-te tomando-as e vangloria-te da posição antiga
de trazer no meio das tuas pernas
o cajado da predominância.
e a voz robusta de quem se permite a ordem
ainda que em segredo onírico
te amamente em obscuros desejos de subserviência
coro preto e palmadas maternais
um ritmo certeiro para o teu passo cambaleante
e a resposta esperada para sua vida
a mulher e a mãe
e a beleza nua do seio
que se arrepia e que te acolhe
na roupa desacertada de um papel a cumprir.




domingo, 21 de outubro de 2012

26. (Verso Hermético III)

Eu tenho o espaço do meu corpo
e a extensão da minha Alma toca meus olhos
o Sol nasceu e se rescolheu por várias horas.
Eu era e sou e deixo de ser ainda que sendo
o Amor não passou
as certezas só me avistaram de longe
eu planejei e naufraguei rente ao castelo na beira mar
Eu conheci peixes multicoloridos em mim
eu cantei bêbada e sã
Eu abracei com tudo de belo  que havia em mim
E a gratidão vem ganhando um espaço leve em meus horizontes.
Eu fui planta mau digerida
travando de amargo meus lábios e beijos,
e de repente fruta madura
amora preta, água de hortelã...
Eu desisti, eu me revi
eu aprendi a fingir esquecer...
Eu coloquei milhares em minhas costas
eu me fortaleci
e depois me dissolvi águada menina
pelas beiradas do meu desespero...
depois fui renascendo planta sádia e selvagem novamente
eu desisti de ser só serena
eu aprendi que não sou vento
mas minha Alma voltou a ventar por ai...
Eu queimo e deliro porque é da minha semente ser
Eu peço e arranco aquilo que é vermelho em mim;
Eu aceitei que não serei louca por isso.
As pessoas que Amo cada dia estão mais belas
e a imperfeição já não me assusta.


domingo, 23 de setembro de 2012

Enquanto o silêncio não vêm..

         Enquanto o silêncio não vêm, penso ter controle... meço em paumadas meu coração, aceito e recuso todo espaço que me cabe. E não tenho Paz. O silêncio vai se derramar quando minha Alma decidir beijar a Aurora, e deitar com calma pelo meu próprio jardim, as flores que me trazes são cores, as cores que a Vida carrega quando entrego um sorriso intencional para o que não compreendo.
        Eu tenho dormido em casas que desconheço porque no momento o tempo se oferece inteiro, e eu trago comigo o que é novo e antigo. e aceito a lágrima devida e o anseio do riso contido. Desaguar? Desaguar nos teus braços, correnteza amiga. Aceitar o gosto do salgado da espuma que arrebnta nas rochas do intransponível.
        O Amor tem feito cantigas as avessas e a minha ciranda ainda tão menina perde o passo e desalinha, mas a mulher afirma. Ela sempre afirma. Entregar, as flores e as fitilhas, apazigar com doçura os rancores e os amores, permitir que se banhe de ternura os tempos que obtive.É envelhecer brincando de amarelinha.
     

domingo, 2 de setembro de 2012

Intimo.

       O espelho em que me encaro tem trazido em si muitas faces e dentre elas algumas que se despedem inconsalaveis em mim, me despeço sem certeza de partir. Aquilo em que enxergo a realidade tem rebatido minha reflexão lunar e débil, nenhuma estrela nasceu, minhas árvores se despiram e o Mundo em que me enxerto tem se mostrado violento, à uma estranha violação em viver assim, a indelicadeza com aquilo que é essencialmente frágil é um estardalhaço de caos em meu espaço, tenho tentado silêncio, mas meus caninos insistem em se mostrar numa ansia infantil de fazer o rio parar, as gotas do tempo cessarem...meus braços embalam algo e meus lábios balbuciam canções de consolo para meu próprio corpo. Nada morreu, a vida ainda se mostra em profusão, de tamanha forma que é dificil manter o passo em calma, como me apetece andar. 
         Eu tenho permitido que o estado daquilo que é efemero ocupe tudo que há em mim, dissolvido meus pulmões no tempo, deslizado minhas palavras para um recanto meu, correndo para esconder de mim mesma a pureza de algum dito... Nada morreu, a vida continua com sua exuberancia Atlântica, mas meus luares estão ralos...
         Existem passaros azuis em meu céu e isso emociona meu olhar, existem plantas que viveram sempre por terem sido em mim, isso me enternece a voz, traz de longe águas não barrentas, e eu bebo com o cuidado da Alegria que se mostra em fios nascentes, sem a certeza de desaguarem em águas correntes.
 

terça-feira, 31 de julho de 2012

segunda-feira, 30 de julho de 2012

Criança.

A Alegria por mais ritmada que seja e por mais decisiva que se imponha, não parece um bucado frágil?

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Amo.

"...Se não falar em nada
e disser simplesmente tralalá... Que importa?
Todos os poemas são de amor!"
(Mario Quintana)
Amo doçura furtiva
dor ficticia
Arte inventiva.
Amo desejo eriçado
palava ambígua
e bocas alinhadas.
Amo perfumes derramados
terra molhada
Alma espalmada.
Amo irmão
mar agitado
Poesia cantada.
Amo revolução
Distração delongada
Sinceridade ampliada.
Amo profusão
Carinho desarmado
Cabelo desarrumado.
Amo penetração
Homem integrado
Verdade libertada.
Amo movimentação
e o anseio de parar
a escolha expurgada.
Amo coloração
O forte e a força
O rijo e o inquebado.
Amo o transcendente
O além o espaço
As estrelas e seu pó.
Amo solidão
Morango açucarado
olhos desencontrados.
Amo a canção
E as Mulheres fortes
Na ternura encorajada.
Amo o riso
E a lágrima e o soluço
Amo a pele e o oposto
Amo o interno e o tato
Amo o acorde e a métrica
Amo a desordem e o excesso
Amo as raizes e as asas
Amo aquilo que não sou
e o que sou
Amo o que não vi
mais cabe em mim
Amo o que não serve
e me prolonga.
Amo pupilas dilatadas
E as entrelinhas do nosso dito
Amo a constancia e a sua diversidade
Amo muito mais do que digo,
Amo mais do que sei
Amo cada parte minha que senti...
Amo cada pedaço do que amo e amo inteiramente também.





Sinceramente.

Na maioria do tempo eu mau tenho o que dizer, sou uma devoradora de silêncio, mas desgosto do comodo e quando algo decidi falar a palavra se cria e eu me crio com ela...
Mas essa criatura cambaleante que agora vive logo se insatisfaz com as palavras contadas, elas se tornam números...e depois? e depois? Nova pausa. É o mundo que acaba no mar dos meus olhos? é o monstro do nada a espreitar os espaços alheios? e depois? que todas as caravelas forem ao mar? todos os remos largados nos pensamentos... bocas e palavras grunindo a decisão de dizer.
Dito.
Ouvido.
Criado e Destruido.
Novo.
E eu começo a crer que sou apaixonada pelas palavras, porque elas me fazem sentir. Dizem até que o silêncio é ilusão, afinal, minha respiração declama, minha pele arrepia cria forma, se expande em mim...me diz em segredos.Em segredos, mas diz! O corpo transcende o silêncio.
Admiro as pessoas que se vêem concretas, elas parecem saber o exato espaço que seu corpo ocupa no Universo, nada têm a dizer sobre isso, se medem em paumadas paupáveis reais e sabem. Impressionante isso, elas sabem que seus pés o são pois estão abaixo no corpo e acima do chão. E haveria verdade superior ao joguete do dissonante? Pode ser...
E no meio disso tudo, percebo que o meu silêncio é carregado de preguiça.Algo em mim se rebela quando é esperado. Sempre foi assim. Os valores e raridades são capturados na distração... na distração recebo de bom grado os detalhes, distrair-me é me abstrair do limite, não sei o que me cabe por isso me inundo.E isso me alegra.. me desapega da carranca.Soltas as palavras brincam e brincando que o corpo se descobre, que o sorriso se apaixona. E aos poucos vai saindo dos meus olhos o tango trágico da resposta.
E sinto em gostos que tenho muitas nuvens em mim.

quarta-feira, 18 de julho de 2012

Interiorizar e exteriorizar ou a Dança das ondas.

Se eu entregar suave meu coração nessa ventania por acaso ele repousrá em paz? E de me questionar imagens se criam, flores transpondo o limite do seu jardim carregando sementes... e porque deitar-me nesse campo de figuras indomáveis? caminhos e caminhos que só sabemos pelo tato como desvendar...
 E vamos soltos por esse Mundo, nada nos prende e nada nos esquece, carregar terras distantes nesse coração que agarra em ampulhetas seus sonhos...
 E se eu acreditar que existe espirito nas palavras? e se eu  propor calar-me para que esse espirito vibre em mim? deixar meu corpo ser o mar dos sentidos e primitivamente abarcar os demonios e os anjos de toda história...antropofagicamente humanos e alimentos de minha Alma... e se der a mim a Poesia que de tão antiga mal pode falar as palavras que hoje temos? Os tempos vão me enfileirando suas respostas...
 Algo em mim se move tão ligeiro e de passos leves que antes de conflito é proposta uma dança, dançar na ventania das palavras e do espirito vivo de Ser e de ter em si o Sol que não se deixa emplaidecer nem pelo fato nem por sua ausencia de foco.É o fluxo que beija tão devagar meus olhos que é impossivel prender essa lágrima ambigua e amarga que vem fazer casa em mim... fluir quente, esfriar em meus lábios... e enfim bebe-la, porque é de águas que se vive.
  Murmuro a oração: Elementar é a essencia que alimenta.


quinta-feira, 28 de junho de 2012

Dança.


O corpo que se move suave, suado de saudações com seu presente, recebe melhor as dores e os acordes insistentes das paixões. Acordado por certo com seu ritmo encontra uma parceira para dança e desembestado dança pelos discursos sem aludir uma virgula em sua respiração... move-se, e ao ponto de diluir-se...então, recorda e cria sua forma antiga, doce e atemporal... como se é quando não se conta, para si a história e não se conta para o tempo os números.

(Foto: Alberto Kirilauskas)



sábado, 23 de junho de 2012

Esses abismos que cobrimos com folhas ralas de distancia são sempre os mais perigosos.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

O Amor do Covarde.

Desejei todos esses espaços vazios enfim, espasmos entre meus dentes, expelindo uma palavra Oca: Amor. Amor repetia e ia ganhando sua forma, e aquilo ensurdecido (tapado a força) em mim começava levemente a gemer.

Tremia esse corpo contido e essa alma alargada por teus braços e por teus lábios... esse desastre da palavra com o Silêncio. Caos marítimo em mim.

Depois os nervos se acalmavam e a canoa frágil e instável das minhas horas ia aos poucos se recompondo, impondo as veias de seu tronco agora aquático se lembrar de que um dia já teve raízes, manteve se ereto, fixo e vai se embebedando de ilusões salgadas de constância.

Até que de novo o céu faminto se deixa matar pelo desejo de tempestades que vem por algumas  palavras, que relembram suave : “Estou aqui”.

Essa suave e incessante luz que faz eco com aquilo que goteja em mim, e às vezes, muitas vezes, me inunda. E essa história toda traz um tanto de águas estranhas para meus pulmões, braços estendidos nadam e recusam-se parar, morte e fim não lhe soam bem; bem a quem se pergunta? Poupar a proa pensava a face que flutua e salva, não se afunda.

quinta-feira, 24 de maio de 2012

quarta-feira, 25 de abril de 2012

Traição.

A pior coisa que fiz para a poesia foi me contar poeta.

Ventos.

Quando todas as outras vozes se calarem, a minha continuara aqui. Quando o meu dia especial anoitecer, as estrelas que iluminei quando ainda haviam luzes é a unica coisa que me acompanhara e elas serão tão vivas quanto são. Quando o tempo ceifar da minha partitura as notas que hoje guiam minha dança, meu corpo continuara ainda que em silêncio girando, pausando e fingindo ter a lua como parceira nessa contradança atemporal. Eles partirão. Eu partirei também, em mil partes por todas essas vidas que me cabem, ainda sim sobrarei inteira para contar-me as histórias que vivi aqui dentro, aqui fora. Quando tudo que o outro via era silêncio e o que meu coração percebia era orquestra. Quando meu coração saltava e se perdia em olhos, bocas de outros mundos, que meu interior balbuciava sem poder dizer o quanto de festa e caos se despertara. Quando meu sonho amadurecer e cair na realidade, saberei que sou eu quem o pariu e o partiu com a mesma dor e amor. E aquele laço, aquela âncora,que não pesa por caber tão perfeitamente em meu espaço infindo, aquela essência que respiro e me faz amar o ar que entra e reconhece meu corpo alto e minha alma de recantos e regatos, vai partindo igualmente pelo todo em mim.Caminhos e mais caminhos percorrem sempre sabendo como ser e não estar, eu o respiro e isso inspira os meus ventos e versos a continuarem a cantar nessas frondosas e frutíferas arvores da estação, e quando esta por força daquilo que é natural mudar, irei me saciar de sementes.

Eis o exato comprimento.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Meu Mar.

Mar que não inunda vira ressaca...
Tempestade marinha, sem raios
sem trovão, sem estrondo...
Cresce e ultrapasse a si
mar feminino em mim..
Salga meus plantares
meus cantares, meus pés.
Ignora meus castelos
arranca plantas baixas,
desmaia minha secura
e cresce em tardio assalto
rompendo o que existia de incerto em mim.
Soberana água
de peixes silenciosos e simbólicos.
Me dão sinais
e a certeza
que nada seco sairá em mim
tudo úmido, unido com liquido:
O sal purifica.

(Foto: Alberto Kirilauskas)



quarta-feira, 28 de março de 2012

Água.




"Entrego, Confio, Aceito e Agradeço."

terça-feira, 27 de março de 2012

Desapego.

Onde está o chão? pergunto olhando para minha toca.
(Silêncio)

Levanto, e vou caminhando... deve ser um passo gasoso esse o meu.

domingo, 25 de março de 2012

Peso.

Pesado é foice, quando cai no galho ralo.
Folha quando o inseto carrega é peso.
Peso é quando se tem sede no rio.
Riso é pesado quando olha para os ossos.
Ossos são pouco peso sem carne.
Carne sem alma é sem peso.
Pesado é verdade sem reticências.
Reticências se torna peso quando é morte.
Morte sem símbolo virá peso.
Ignorância é leveza ignorada.
Leveza é sensibilidade livre com:
Sorriso,
Beijos,
E banho de chuva.

Confiança.



(Foto:Alberto Kirilauskas.)

"Depois de várias tempestades e naufrágios, o que fica em mim é cada vez mais essencial e verdadeiro."

(Caio Fernando Abreu
)


Quando a palavra ganhar forma
já terá deformado o desejo.
E quando o desejo ganhar asas
já terá partido o coração.
E quando o silêncio ressaltar
o salto já será inevitável.
Palavra de mar, música de água
tempo de vento...
Contínuo é o tom
ressoa ainda que em eco
e na pele escreve uma história,
cheia de sonhos
de penas
de cores,
de belas lágrimas.
Aponta a direção,
e arrastada pela natureza
a essência exprimida
entre as mãos que deveriam se unir
vai gotejando,criando um caminho
líquido que evapora
no sol... no sumo
no suor do tempo
no dia que amanhece e dorme...
Dorme e acorda com nossos olhos
cheio de passos dados,
cheio de poesia rara,
apertado entre a realidade
e o sonho...
Dancemos com a solidão
que um dia a de se mostrar inteira.

Creio. (Repetindo)

Não presta o vocábulo
Nem suas virtudes em fileira
O amor meu bem não as quer!
Não mostre seu álbum de retrato
Nem seu espelho estimado
Nem sua coleira;
Nem sua cólera.
O amor brilha quando bate sol na saliva
E basta!

Relato.


(Foto:Alberto Kirilauskas)

A primeira poesia que fiz:
Foi sentada na perua do meu pai, e era sobre o céu e o inferno.E eu me lembro mais ainda da sensação melancólica que me derreteu naquele dia, enquanto meus irmãos brincavam lá fora. Foi um desgaste e depois foi um prazer. Devo ter descido por minhas palavras frágeis e sem rima para o subterrâneo das coisas que não entendo e ter retornado com um pedaço de papel daquele canto era como beber água da minha fonte e isso era quase um vôo.

Verdade:

" A UNICA PERFEIÇÃO É A ALEGRIA"

(Lou Andreas Salomé)

"Mas muito cuidado...não vale chorar"

O que eu sou:
Nem mente, nem senti;
Intui e desenha.
Cega e tateia
inspira e delira
Apoia-se na ideia
e constrói a razão
ainda que oposto;
vive em si
tão dentro que a pele
arrepia com a voz
e destina ao dia,
um todo mundo
que implodindo explica:
Delicadeza é rastro,
vermelho é marco
e o essencial é o sabor.
(ou o saber?)

sexta-feira, 2 de março de 2012

Aberto.

O passo cambaleia por certo, isso aos olhos do concreto. Para dança o ritmo vai leve e o vento agradece a solta palavra que partiu dos poros, carregando vestígios de Alma sem limite e trazendo a tona o humano empoeirado, mas crescido em verdade. Cheio de suas asas variadas, uma parte de liberdade a outra de sonoridade estranha e murmurante para o vocabulo usado, um traço de tempestade e outro de águarias indico claro. Voa e nem sabe. Chove e inunda a Vida de sentido.Toda águada de Alegria, esquece o rumo dos passos e caminha.

Fechado.

A nudez que feri é o escambo da palavra rala ao silêncio farto. Assim são os dias quando se perde sensatamente o caminho de casa... as portas se abrem e tudo se oferece, barato sonho para um acolhimento infinito. Quieto. Sóbrio. Isolado teu corpo de sentido, impõe-lhe a direção destinada... pela mão suprema do desejo enlatado. Comprar um passo adiante é mais fácil que criar uma estrada... e as vezes não se sabe ao certo o risco mal acabado pela pressa... de descansar a mente e a Alma sedente de ilimites porém vazia de impulsos.

terça-feira, 14 de fevereiro de 2012

Composto.

Onde foi que o ritmo
perdeu seu tempo
e invadiu cambaleando
o espaço do outro,
causando esse desaforo
desconcerto?

Como foi que nos deixamos
apaziguados de razão
manter-mo-nos calado no
lógico e na inumananidade?

Aquilo que vibra,
que viva!
tem de ser nossa voz,
o arco latente e vermelho
agudo e impermanente
do grave-denso da existencia
ao suave sopro do riso.

Verdadeiro e limpo som
ecoando livremente em sim
respondendo aos ares
nossa confusa teoria
e limpando nossas raizes
para as novas terras
que virão...
Vibrantes!

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Criar.

"Nós temos a Arte para que a verdade não nos destrua."
(Nietzsche)

Que verdade é essa?deve ser a mais óbvia humana. A verdade que somos finitos...que temos limites, que existe a morte... e isso muda todo o rumo dos sonhos. Mas porque pensar naquilo que "é" independente de sermos? Porque ela é a sombra que também nos faz acordar.Existem os que abrem os olhos e já dispostos para o céu recusam a terra em que correm seus pés, e por medo completam o ponto final numa reticencias submissa ao eterno. E também existem aqueles que em euforia tropeçam o tempo e amaldiçoam sua passagens e marcas... e se agarram ao agora no desespero que evita os olhos se acalmarem e também verem a terra e seus ciclos. E existem tantos outros...
Humanos e humanos... demasiados o filosofo ja diria... e ai que chega a criação. Transformar tem um "Q" de ilusão e outros mais de realidade. Encarar seu sangue e seu medo... sua alegria e sua pena e fazer daquilo algo que supera a si me parece um ato de coragem... ainda que o que saia seja apenas um soco no ar, apenas uma boba cantiga... um espinho pessoal ou uma odisséia... é humano, tem gosto de carne e de Vida. De pobreza da condição e de uma superioridade a isso... um grito de pausa!uma recusa... a vida pobre, a morte pobre, aos dias pobres... essa recusa é o mais forte dito e a mais pura essência do que somos.