domingo, 31 de dezembro de 2017

2018

E aqui começa novamente
a Terra rodeando o Sol
e as esperanças esverdeando o peito
é sempre uma semente de ilusão
medir o tempo
mas é um ato de coragem apostar na sorte
e deitar novamente os sonhos
em um papel
repousando no calendário
mais um desejo
florido
e uma vida mais leve.

sexta-feira, 8 de dezembro de 2017

Canal no Toutube

Eu tímida como sou, bicho do mato como sou, criei um canal veja só:

https://www.youtube.com/watch?v=2w1TKmQnH1U

 Todas quartas às 16h porque esoterismo pouco é bobagem!

Da leveza

Nas ruínas de pedra e asfalto
te chamei e não encontrei
esbarrei ferida
no alicerce de um balão imenso que flutuava
e despencou alto do céu,
quase sem ruido
e o peso que imaginei atingir meu cranio
se abria tosco no chão
era leve
era delicada pluma
da mau escrita palavra
era o resquicio
de alguma tarde de verão
que estendemos as mãos
na mesma direção
no movimento lindo e languido
que ainda encenava
caricaturas felizes no céu
e logo se dissiparam.

segunda-feira, 27 de novembro de 2017

Onde repousar o coração?

"São temos difíceis para os sonhadores..."

Onde eu posso repousar meu coração?
sei que a estrada é tortuosa
e meus pés e olhos já pesam de poeira
entorta minhas costas com o tempo
e o sonho passado
é mão pesada nos meus ombros
Ainda existe tempo para danças
Olho para as estrelas desconfiada
da trovoada que virá
e eu que não me amedronto com tempestades
só queria um canto
para repousar  meu coração
longe do mundo...


6 minutos

"E você me falou de uma casa pequena
Com uma varanda, chamando as crianças pra jantar..."

Eu recolho a mesa posta
e na taça de vinho compartilhada
deixo o vazio repousando seco
e sem vida
Meu vestido nem tiro do armario
esqueço junto as esperanças
mais tolas que uma pessoa pode ter.
Veja meu drama estampado
nesse olho marejado
e eu quebro a palavra
e retiro o peito da vista
para você
que não limpa os pés para entrar em minha casa
Retiro a tragédia
e os passaros
e o perfume das flores
e o olhar da chuva
e as mãos unidas
e a minha canção então dedicada
fique com a água salgada
que eu fico com a eterna poesia
do mar em mim.


segunda-feira, 13 de novembro de 2017

Lembranças

Eu me lembro de dançar - com os lençóis  que minha mãe estendeu ao sol-  a música Balada para um loco do Astor Piazzola, 6..7 anos? Na versão brasileira do Moacyr FRanco do disco de vinil do meu pai. Aquela música explodia no meu coração de criança! e o eco trágico e poético gritava ainda sem saber o que era  "E no abismo do teu beijo até sentir que enlouqueci teu coração e de tão livre chorarei" como podia ser tão lindo? 

sábado, 11 de novembro de 2017

Morgana

Ela se encolhe no meu colo
Mas quando esta com fome
Se larga de mim
Ela é um ser de doçura
Sem igual
Salta
Se expressa de madrugada
Quer carinho
Me ďá
Eu que cuido dela
Mas no fundo
É ela quem me salva

Eu sou uma grande massa de paixão e sangue
Devo avisar antes de se aproximar.

Elephant gun- Ode aos amores vencidos

Pois que amor tambem acaba?
Sem rima nem raiva
Apenas secura e amnésia
Mas veja só minha memoria
É um simulacro permanente
E a todos homens que me amaram
Carrego em cada pedaço de mim
Não é o tempo que me envelhece
São os amores vencidos
Que penunbram meus dias

quarta-feira, 8 de novembro de 2017

Poesia não da emprego.

A poesia não pagara a conta
estendera seus dedos pela mesa
e comera sem cerimonia
todos nossos mais audaciosos pensamentos
e arrancara sem educação
a trinca engasgada da palavra
e ira debulhar os olhos
e se embebedar de águas profundas
sem pedir
Ela não lavara os pratos
não limpara o chão
Não lhe dara um emprego
Nem saberá responder sobre a equação
estendida nesse cardapio infinito
e sem sentido de viver
A poesia é rainha miserável
Mal sustenta sua cadeira
sempre a beira do abismo
mas, não se sujeita
não decai
é sempre ela
a dona da motriz
que faz o mundo girar


sexta-feira, 27 de outubro de 2017

Verso Hermético 31

Eu entrei no mar
e o meu corpo tinha o exato comprimento que possui
1,83 e em todo centimetro  me sinto
E então o dia que nasceu
eu não busquei amor
ode maior até então
nem clamei com fé
o perdão dos tantos passos tortos que dei
como me era comum
Eu só meu corpo e alma e mente
inteira presente ali
Existe um peso no meu peito
uma ansiedade
e uma crueza tão atipica
das minhas já fadadas entre linhas
Mas, uma "desacostumeira" certeza me possui
Eu ando sabendo do passo que dou
e ele pesa
e ele voa
ele é!
Eu me assumo
Nesse ano
mais mulher que menina
mais dureza que suave
mais aguda que certeira
Eu me vejo
e me permito afirmar
que hoje mais que antes
Eu sou.




segunda-feira, 16 de outubro de 2017

As informações saltam aos meus olhos pela tela anêmica do notebook, o mundo todo se dá nas noticias que leio, e passo para a outra, nesse ínterim futilidades, algo engraçado para dar algum senso de leveza no caos, o que me soa patético as vezes, mas certamente isso é um angulo. 

A televisão grita em algum canto, não mais que meu vizinho com seus filhos, voz estridente de macho escroto. Penso vagamento de o porque ele ter tido filhos, depois sendo honesta, não quero saber, só quero que cale a boca, e pare de fritar seres complexificados afinal,  esse mundo já tem loucos demais, no qual -ao meu ver- ele se inclui, o que tenho a ver? certamente é só um angulo.

De certo que no meu país a injustiça social pesa, e o fato de 6 pessoas terem 50% da riqueza nacional muito me incomoda, mas talvez me incomode ainda mais os cães sociais programados para defende-los ainda que isso seja denegrir a si mesmo, isso porque um sonho de consumo, e a felicidade, e o amor com isso envolvido o faça mais feliz do que assumir a propria realidade. Convenhamos, as vezes não é facil viver, é tudo novo e não tivemos amostragens ou testes, quiça analises posteriores, o que temos é isso ai, um mundo tecnologico, urbano, desigual, que nos rebaixa os sentimentos, limita a imaginação e prolifera cada vez mais a simplificação, sendo o oposto disso.

Eu tenho um coração interiorano e romantico, que fica cheirando flores nas ruas e nunca, por mais que enrijeça, vai ser duro o suficiente para suportar esse tempo sem me doer, mas isso é um angulo de um dia ruim, o que não deixa de ser verdade, só não é absoluta.

quarta-feira, 4 de outubro de 2017

Perfume

Perfume é se vestir de um sentido e se manter nua, rente a pele a madeira e a resina cristalizada, a rosa de algum pais distante e a baga da baunilha deita o corpo de conforto. A íris que envelhece com classe me diz que o tempo nem pesa tanto, um charme peculiar, debate com o couro e o tabaco, tudo em um deleite sensorial. Um conservatório de sensações.

sábado, 30 de setembro de 2017

Bola

Existe um perfume de gardênia nesse jardim
E a lua repousa sorridente
entre as nuvens
ora se pondo ora exposta
quizas quizas crescente
Ora em meu peito
ora em circulos
tão cavalheiristico
que mal sustentam o tempo
Eu ali nunca sendo
e sempre tua
uma lacuna
digna de um tango
e de um perfume raro
um segredo
embrulhado em cetim vermelho

Tendemos a imaginar a natureza como uma fonte inesgotável de serenidade e equilíbrio, deve ser a nossa liberdade de sermos românticos e salvar a perfeição com uma tipica distancia, afinal só assim ela existe.
Ontem um passarinho caiu no jardim de casa, filhote assustado, deixamos ele um tempo vendo se os pais o salvariam. Não o fizeram. Peguei ele nas mãos e eu sentia a respiração forte do medo, eu deveria ser um monstro gigante e faminto aos seus olhos, embora tentasse fazer carinho e falar baixinho. Demos pão, água, casa e a liberdade de um portinha para ele sair. De manhã já era outro, não se deixava pegar, embora meio torto pela queda, andava pela grama, determinado a se salvar. Outros pardais vieram, e ali sim deveria estar a salvação, e já vem toda a expectativa de o terem encontrado. E lá vem aquele alivio emocional.
Pois bem, se pais ou não, não sei, sei que o bicaram. E bicaram nos olhos, até eles sangrarem. E teriam o matado ali mesmo, indefeso e cego.
O recolhi com o choro já na garganta de ver o seu bico enterrado na terra e ele inerte e sangrando.
E penso:
Cada folha que cai é um caos para as formigas no chão. E o vento que canta forte na copa das arvores, destelham os insetos, dificulta o voo das borboletas, arrebentam casulos. O caos reina em cada poro de vida, em cada canto da natureza. E a dança da Vida nunca para, ela tem ritmo do mar, de arrebentação e de marolas.A estrela que dança. E só posso concluir que a Vida é muito resistente para suportar a si mesma, e ainda construir belezas para se apoiar.

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

E existe essa melancolia agreste. Um vestido negro em terra escaldante, não languido, não composto de lã e paisagens, mas sim um fio de navalha sem insinuação, corte puro e simples. Dito em voz alta, sem supor nada, só a existencial que perfura, sem cerimonias.

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Vinho

O entorpecimento da boca
 e os lábios
que mordo
como um beijo exuberante
As pernas formigam
como no instante
em que se geme
E o tempo
o mais delicioso da inebriação
o tempo que se dissolve
e me entrego
e acredito no para sempre
da beleza estonteante
o corpo todo deita 
no momento
se espreguiçam os nervos
e os copos posto ao lado
a dança descalça
de alguma fogueira memorial
interna
a poesia ganha vida propria
e se espelha ao redor
e por ser só fugacidade
não a prendo
Vivo ela no corpo
Vinho e a pele
Combinam
Tudo dissolvido 
Inclusive a ponderação
Não existe sabedoria aqui
existe o instante
e depois a ressaca 

Pelos

"...Je veux d'l'amour, d'la joie, de la bonne humeur
C' n'est pas votre argent qui f'ra mon bonheur

Moi j'veux crever la main sur le cœur.."
(ZAZ)




Eu sou uma pessoa que se arrepia por tudo, tanto que as vezes dói os poros. Me arrepio ao ouvir uma música, e ao lembrar da música e ao falar sobre a música, e só de escrever sobre ela já me arrepio. Muito me toca a dor, a alegria, o amor. Como se o próprio cérebro tivesse uma epiderme exposta e pudesse instintivamente se arrepiar por estar pensando, me arrepio no encontro com o outro, na imagem que o outro me traz. A solidão não me arrepia, mas afinal quando estamos sós? Sempre se tem o vento, a vida e o fluxo, alguma coisa com alma gritando por mim, querendo se conectar e eu não sei ouvir, mas algo em mim sabe, e se arrepia. Expressa sem cerimonias e dificulta alguns diálogos. Li em algum canto que isso tem a ver com sintonizar energias, tendo ao ceticismo em alguns pontos, o discurso muito esotérico me cansa, embora não me escute, por que certamente se o fizesse com a mesma critica sei que também me enquadraria, nos seres que saúdam a lua e conversam com o mar... mas, tudo segue natural, toda a vida mais intima é um segredo. E é minha. 

Na noite mais angustiante, nos dias mais insignificantes, no vazio mais assustador, no desdem, no amor que falta, na falta de sentido, na magoa, nos dias em que o mundo pisa mal sabendo que a gente sente, ainda sim... agradeço por ter um corpo que se arrepia e que sente, vagamente ou uma deliciosa sinfonia a incompreensão e a satisfação de estar viva.

quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Noite

Ao lado da cadencia das estrelas
reside um astro de cratera
tão profundo que em suas veias
cabe a poesia mais gélida
Entre órbitas e dizeres
dormita a sombra humana
supondo-a preterida 
se faz ecoada em silêncio
semi gente
almático
um desgosto ao astro rei
que vibra em explicito dizer
ela que em mansa voz
aumenta as marés
e rebaixa o plantio
e relega as certezas
ao seu devido espaço
tão frágil como se supõe a vida
Um manto implicito 
Azul prussio
digno de mares
e do rastro feminino
que se encolhe as ordens
e se deleita no pincipio vital.

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Hoje.

Eu quero meu corpo forte
Meus pés grossos
No cascalho, no carvalho e na areia
A robustez permanente de um nervo exposto
Rígido na geada, no solo e no Sol
O apontamento certeiro de uma flecha
A cada passo
Sem rastro
Firme.
Pesado
Com a exatidão cristalina do presente
Sem suposição
Reto,
Aposto
Pronto,
Para a trilha
Para a vida
E para as mãos soltas
Balançando em equilibrio perfeito
Ao lado do corpo sadio,
A poesia só rima com o dia
E a noite estrela outra canção
Só sua
Sem intervenção.
O seio farto
O coração soberbo de momentos findos
Sem sombras
Sem máculas
Mal repousando o adeus
E já partindo.

quinta-feira, 22 de junho de 2017

Interior

Eu gosto é de terra, na falta de águas tenho o céu, e quando nublado tem ar puro.... tenho a semente que cai no quintal, e no meu peito floresce a simplicidade mais que almejada.

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Tulipa da Africa.

Os tijolos, a terra batida, o cimento, o cheiro úmido em todos os lençóis e brinquedos. O medo de madrugada e os pesadelos. O jogo de bola no quintal, os patins, o teatro e as risadas. O abuso, a violência, o assalto, o tiro na cabeça de alguém ali na esquina. O primeiro namorado chegando na porta, Pelargônio fitando os olhos do meu pai. Os churrascos e o traço de uma alegria sem reboque, bruta, firme, formando meus passos e dos meus irmãos. O vinho, o suco, a água fluindo como o tempo. Tanto desgosto, tanta pressão. A periferia é a realidade? Essa mescla inteira de tijolos, ignorancia, e esquecimento. A raiva, a aversão e a gratidão de tudo que foi em um gole só, esse gole de Vida passada, suportada, mas tão complexa em suas alegrias, na força a familia construida ombro a ombro em casa susto, em cada sabado, em cada recreio, em cada soco, em todo suor que trago, respinga em mim essa casa. Um comodo inteiro de lembranças, que separo com delicadeza, e extraio enfim (já que é a parte que me cabe) com alegria esse Adeus, e com uma gratidão porque a vida foi aqui, e agora irá, está indo...
E eu que gosto tanto de partir, que me sinto do mar, que sempre vou e me desfaço dos laços, sinto que o passo vai indo mais devagar, e agora eu olho com mais calma para os cantos, para o canto dos meus pais, e da gravidade em afirmar que a vida não é dança e sim luta... ainda me cabo de discordar. Essa casa não é o meu fardo, a minha escolha ainda não é essa, meu fluxo ainda se entrelaça com as possibilidades, mas eu sinto essa parte em mim. Eu que sempre vou, sorrio por ver a casa partir.


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

...

Quando eu penso nas paixões desbotadas, nos desvios turvos e densos do meu caminho, quando recordo com pesar as preces já esquecidas na minha boca antes tão certa, quando acolho meus sonhos como orfãos, quando recuso toda canção de amor como um ar de sarcasmo, quando penso em tudo isso, algo se destroça em mim, desconfio que seja o asfalto, a terra batida, o caminho limpo...isso é triste, e a tristeza aceita me acolhe como um chá quente na noite fria, ela é minha e sou eu, ela é construida das minhas escolhas, e de um coração que vibra alto. 
Quando me permito escorrer para dentro, reafirmo: Ainda sou um bom lugar. E poderia me beijar com flores, por estar em pé e por ainda sentir...

Me poupar seria bem vindo, mas se for honesta tenho me poupado sim, as vezes de forma covarde, remastigando respostas que um dia me serviram e que hoje não bastam. Me vestindo de paisagens antigas, certamente elas me são, mas o caminho ainda é longo, eu sei: sou um bom lugar, mas só permancerei sendo se sair para arejar a Alma e dar espaço para as ondas, os ventos, os acordes, os pesares e tudo mais que a vida nos traz. É preciso saber sair, saber entrar, ter um fluxo livre no próprio espaço. 

As vezes o otimismo é uma saco de chato!

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2017

Sobre a nossa incapacidade de curar a dor que causamos.

Já devo ter ferido algumas pessoas, algumas delas que senti amor... carinho... engraçado como pensamos tão pouco sobre a mágoa que causamos e como as que nos causam cai com desigual peso... temos nojo da dor, mas ainda mais da dor que inferimos a alguém, mas esquecemos. No fundo a mágoa não é matéria de uma unica fonte, magoa é expurgação do peso passado, da existência, magoa se soma a consciencia da brevidade da vida e por esta-la vivendo de mal forma, magoa é soma que não agrega, é uma outra morte... Por isso que a magoa que damos não nos pesa tanto, ela é um item isolado depositado no grande espaço de alguém...que um dia nos deu passagem para entrar.