domingo, 30 de novembro de 2014

Pureza.

A palavra pura
dissolvida em alguma doçura
tragavel aos olhos da alma
caindo suave no rio da lembrança
repousando lilás na árvore antiga do teu peito
Dizendo com ternura
as verdades que não ferem,
vão limpando com força
as folhas amargas do passado,
vai surgindo espaço
para poemas novos.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

...

Eu peço licença e tiro meus sapatos para entrar no que fui, escorrego uterina nas minhas lembranças que se mostram em folhas soltas, tenho sua espiral em minha vertebra e carrego meu corpo e meu poço como quem traz em si o segredo do tempo de quem nasce e sabe de sua morte.
Tateio com cuidado as frutas maduras do passado, eternamente expostas nessas minhas raizes , meu solo, minha terra, esse eu dissolvido em ramos submersos, que arranco e renasce em outro tempo, sempre em mim, qual era a Vida que estava aqui? e que continua sendo embora tranque portas e dirija meus passos para a estrada?
Sinto saudades, sinto saudades profundas que me envergam as flores, mas porque digo suavidades se o que me tomba é o chão? esse vicio de carne e unha em pintar plumas naquilo que feri, é compreensivel que assim seja, mas eu queria uma vez ser a palavra exposta daquilo que é o tempo.
Mas, não culpo o tempo, sinto carinho por ele, gosto da pele que envelhece, gosto do peso de ser humana, gosto das muitas vidas em uma só, gosto desse arrombo surpreendente que é pulsar. Aceito não saber.

sábado, 25 de outubro de 2014

Aos 28.

Eu queria um canto de silencio,
um espaço entre as folhas
me refazer na terra,
me brotar de novo,
aos vinte o oito o peso suaviza
eis a tensão que se dispersa
chama lento,
abaixa o tom
tem meia asa.
mas mais que uma asa inteira
porque tem o espirito de vento que impulsiona
a direção, ainda não sei ao certo,
mas me aninho nos meus sonhos
que não me iludem,
mas me encantam
para o agora, para o depois...
Por certo que o Amor falhou
e as nuvens antes de forma
viraram água nos meus olhos,
por certo que cravei meu ditado
como coro abençoado para não cair,
Aos vinte o oito sou mais inteira
e a solidão é só um sinal
dizendo que posso ir por aqui ou ali.
O sol já não é pintura
pesa estrela do dia na minha cabeça
e me esquenta a Alma
não amanheço,
sou meio dia.

sábado, 27 de setembro de 2014

Raul seixas.

E depois de um tempo, acordo e sinto a coragem maior de enfiar a mão na parte que dói e enfim, ouvir raulzito como se deve.

Obs: BOM DIA SOL!

quinta-feira, 25 de setembro de 2014

A largar

E se eu largasse as mãos da pena?
das perdas e do espaço?
e se eu largasse o posto na qual me desencontro?
Largasse as roupas na matriz da dúvida
e deixasse ser meu corpo vento
rodopiando sem vigias por ai...
sem vigas, transcender até o porto imaginário
e assoprar com força todos os mals porques,
Hoje sinto que poderia escrever um poema belo
feito de tudo que não seja o certo do que sou
Um poema belo de chuva, noite e solidão
e da carne que se impõe altiva
arrastando o espirito a somar seus ditos,
no seu vocábulo nada sereno
tempestuoso sim, e arredio!
como caninos a romper coleiras,
trazendo a tona, toda surpresa
que aperta meu peito.



sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Vento.

o tempo é o vento
arruinando minhas dunas
desenhando arabescos em minhas poerias
minhas areias, minhas horas
me recriando, dando veias novas
aos meus mares
ligando as nuvens
formando paisagens
deformando então
os ares antigos do meu pulmão,
leve
e revolucionante,
Vento espirito quente
vindo do leste
e quando penso ancorar
o sol poente em meu peito
a frente fria faz contraste,
amplia as certezas
modifica a correnteza,
o tempo é o sussurro continuo
que só é constante em mudar.

terça-feira, 5 de agosto de 2014

Um canto.

Pois ninguém me disse que a vida é feita de muitas solidões, palavra de sol que mal ilumina o canto que se encontra, canto alias, é ser amigo, a solidão ocupa o espaço do ponto infinito. Ninguém me disse desse túnel escuro que é o tempo, nessa viagem mal destinada de dias, ninguém me disse que deveriamos estar tão atentos para acharmos a beleza, não a beleza escancarada, mas alguma, algum fio, alguma entrelinha de sentido, de sentimento de evolução, algum resquício de alma nas horas... são partes das coisas inditas, mas descobrimos.. é uma das facetas de ser gente.

As vezes ando distraída, rechaçando o alheio, o externo, cantarolando minha subversão em plantar jardins aqui dentro, as vezes eu ando com as portas trancadas e as janelas abertas viradas para outro horizonte, onde seja possivel mais verdade, sensibilidade e delicadezas, mas são tantas possibilidades e tantas expressões e caretas em um só dia, o outro quando me bate é sempre um estrondo e aqui dentro ele repercuti com o que é feio em mim, e dói.

E eu sinto a solidão das pessoas e a minha fica tão singela no meio de tantas, e eu sinto a busca rasa ou abissal de sentido, meu e nos outros e a voz aterrorizante do nada, essa é a minha careta feia para a existência hoje, ainda que amanhã diga o contrario, hoje assumo: algo vem se quebrando e suspeito ser importante.

domingo, 6 de julho de 2014

Aos esotéricos.

E se tua vibração propor a alcunha da palavra
o canto de uma pedra indigo
e lembrar a ti que nem tudo
são pontuações certeiras
deixar a lua ter uma voz
no peito, ornando tua alma
de sentido e dar ao simbólico
a intuição kármica mais que carnal
de canalizar o que é água natural
no teu dito, para ali e além
qual o problema?

Gosto da voz do sol,
e da vida das pedras.
E do conselho das águas
da limpeza da chuva
do riso do vento
do silêncio das raizes
e da força da mata
E se a alma animal que está em mim
esta em tudo,
porque não me ver fazendo parte?

                                                        (Foto:Alberto Kirilauskas)



quarta-feira, 2 de julho de 2014

Desabafo, ao que pesa.

Uns dias pensei que a poesia era a coisa mais importante que poderia ter, não que me achasse com grandes pretensões sobre ela, mas mais do que a junção de palavras era a força de criar, de desatar que me encantava, era minha rebeldia lirica, era o local onde ninguem iria pisar, nada poderia possuir, a poesia era meu espaço, e não existe nada mais bonito que a inocência passada.

Uma vez eu acreditei que eu era amiga de Deus, e conversava com Ele em devoção mas acima de tudo com camaradagem, contei a Ele tudo que ocorria aqui dentro, subia na laje e orava do jeito mais natural que se pode haver, e me sentia ouvida e me sentia grata por isso, mas então vieram as regras que não cumpri, então houve a mente impositora me dizendo que era uma falácia crer nisso e eu tornei uma observadora.

E em meados desse tempo perdido, cantei o Amor mais do que tudo, amor de duas pessoas morando uma na outra, cantei o Amor eterno e belo, o amor único que perdoa e é perdoado, estelar, que é impossivel viver sem, que é sempre sim, ainda que a vida rusgue não, águada minha esperança com a resposta dura  e com os erros espinhentos só me restou a fumaça.

Eu sempre soube que temos que nos cuidar, nos preservar do Mundo, numa dança muito rápida e constante de marés com a vida, entregar e saber se retirar, para não dar ao tempo a chance de levar nossas sobras, que são muitas, que são o que vale além do que é util, nossa singularidade, nosso canto mais essencial, o que sobra é o que nós torna único e não sabemos normalmente cuidar do que é natural... a abundância não nos cai bem, e nem temos a sabedoria da terra de recebermos como alimento o fruto não comido, deixei estragar no chão meu sonho, sem voltar para as raizes.

segunda-feira, 28 de abril de 2014

Com o tempo...

Comi com o tempo a paisagem local
 corri com o tempo a passagem
  sorri com o tempo o passado
   sumi com o tempo e as espumas.