Sombras hipotéticas
não poéticas
repousam pesadas
ancoradas em arrotos passados
carregados de olhos secos
e visões atadas
Nada e um aceno disperso
ao que era
amargo pela beleza abandonada...
Roubada assim juramos,
A vida pesa.
“A vida humana – na verdade, toda a vida – é poesia."
Sombras hipotéticas
não poéticas
repousam pesadas
ancoradas em arrotos passados
carregados de olhos secos
e visões atadas
Nada e um aceno disperso
ao que era
amargo pela beleza abandonada...
Roubada assim juramos,
A vida pesa.
" Minha flor minha flor minha flor./ Minha prímula meu pelargônio meu gladíolo meu botão-de-ouro.
Minha peônia. Minha cinerária minha calêndula minha boca-de-leão. Minha gérbera. Minha clívia.Meu cimbídio. Flor flor flor."
Hoje sonhei com amores antigos
Mergulho silencioso nas amarras do tempo
Carreguei comigo os dizeres passados
Trouxe da expedição
Flores de despedidas
e declarações sussurradas...
O peso... de águas em cima do meu corpo
Apaziguado pelo beijo salgado
Sombreando o que não penso
O corpo rebate o esquecimento
Arrepia.
Aquece e finaliza amargo
Rançoso de efemeridade.
Serena minha voz não saiu
Suave pueril
Mal se ouviu
Rouca engasgada
Parecia assombrada
Corpo mal encarnado
Eu cristalina menina
Não canto
Já não sou
Não carrego
Meu amor maiúsculo nem o sonho imaculado
Não trago o suave verso, esse perfume incerto
Essa rosa doce e gentil
Triste aceno em dizer adeus:
Parte.
Elevo o tom
A voz sai mais clara
Mais forte, meio ordenada
Não de oposta ao caos
mas de aposta a resposta sábida
Dois tons
Sem agudez
Firme, não me estranho
sou mulher e sei
Mais floresta que jardim
Sou algo ainda não formado
Mas preenchida
Sem espera
Um incomodo
Não desafinado
Sangue direcionado
Pulsa e retorna
Veia e cadência
Sorrio
Penso em Nietzsche enquanto canto no chuveiro, e revejo que não sou mais camelo, mas sim leão sonhando ser criança.
Respiro
E rio enfim, por saber que ninguém se importa.
O dia amanheceu sereno
E eu quis agradecer o tempo
Ontem andavamos de cisma
Mas hoje acertamos um trato com o efemero
Pactuo-me assim avessa como posso
Sinto o ar... sinto o corpo...
Pele arrepiante
E um desejo difuso de mudar
Não anseio
Mas , percebo que a vida cobra
Sempre um.novo começo
Renascimentos.
Hoje deveria celebrar
Mas existe uma dureza prática ditando meis olhos
Mulher brava
E posso ser,
E posso estar...
Lua em agudez
Lúcida
Sensata
Quase serena
Direta
Palavra sem voltas
Exata como um acento
Tem um passo para trás
O passado esta resolvido
Desacato
Quero a mim mesma
Meu riso solto
E meu passo seguro
Desatinado por escolha!
Escolho-te hoje
Sol irradia com a certeza de que sou
Minha.
Escolho o atalho mais florido
somos toda sentidos
o arrepio permanece
acesso como o riso solto
que acolhe solto
seu abraço estendido
aberto
ao acaso
e ao dia
perfumado
maracuja doce
e terra molhada
Pequena eu ainda ando descalça
e sei dançar...
em roda de lua
desencotrada da regra
Fujo alerta
De cabelo solto e canino a mostra
Minha pequena eu...
existe tambem sorte na jornada.
Carreguei-te assim, atenta e candida nos meus braços
atei a ti meu maior esforço e a verdade mais clara
Não te basto hoje, porque não te encontrei antes
Quando você era toda eu
Eu mal sabia ser
Só era infinito presente
E agora sendo um tanto caco
Dura e fria
Quebrada e viva
Envolvo meus olhos com as lágrimas
que nem sei de quem são
Minha pequena eu...
...Agora que existe o silêncio, trago as palavras nas mãos, separadas, didáticas e acolho-as como um cabeçalho desordenado, ainda que em fileiras, ainda que retas, ainda que ilusoriamente fixas, percebo enfim, que não é só o caos que gera o desequilibrio, a bagunça, a aflição desordenada crua.
Poderia enumera-las. Poderia...poderia, assumi-las minhas. Minhas palavras sem forma, meu desenho linear que se evapora. Meu desejo incerto que é, e não presume, e nem por isso se desnuda. Poderia... absorver a retidão, a lingua simples, o amanhã previsto o dialogo bem quisto para o nada casual mas, sinto-me faminta e em partes exausta.
Não espero um toque. Não a canção que sobressalte os pelos da pele, nem um nome que a minha prece abarque. Muda. Fico muda na excelência, na paisagem e no infindo. Muda, pois não sei o que dizer.
Nem agreste.
Nem tempestade.
Sou no momento o meio fim, o meio tempo, o calor medido no vento, o frio sem acalanto.
Sou.
O melhor de mim e o meu inteiro e isso inclui os erros e acertos...e o tempo, gotas cristalinas formando a paisagem... e o outro sorriso do meu rosto... e os filhos...e as ramificações... e o nunca mais passa a existir.
Coragem.