quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Vida.



Foto:Alberto Kirilauskas.


"Existe uma virtude – e só uma – a que muito amo: a obstinação. Não atribuo o mesmo valor a todas as virtudes de que falam os livros e os professores. Entretanto, poderíamos abranger sob uma só palavra todas as virtudes inventadas pelo homem. Virtude é – obedecer! Toda a questão está em sabermos a quem obedecer... Também a obstinação é obediência. Mas todas as outras virtudes, estimadas e decantadas, são obediência a leis feitas pelos homens. Só a obstinação é que não dá a menor importância a tais leis... O obstinado obedece a outra lei, a uma lei única, absolutamente sagrada: à lei em si mesma, ao sentido de seu próprio ser. "
Hermann Hesse.


...

Entregar-se ao poema
nessa altura do tempo
onde a voz ja quase cala
Onde sobra apenas sombra
Me assusta,
Como me assustam as mulheres grávidas.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Ato.

A vida se movimenta.
Água.
Banha o corpo.
Ares de Alma me dizem sensualmente:
Vem,
E encarna no seu respirar meu dito,
Com esse sangue humano e seu corpo mundano
Emudeça a vaga sensação da morte
Alto e Vibrante a correnteza debate
E você participa
Com os olhos meio de lágrimas meio de seca
Sem saber ao certo o passo... cambaleado como nascido no minuto passado,
Se perdendo úmido no fluxo.

domingo, 10 de julho de 2011

O Livro.


Emergir,
Essa era a palavra que o silêncio gemia... na sala olhava por entre os vãos do seu pensamento, rastreando algum sinal da simplicidade. Beijava suas mãos para dar ao seu Ser um novo primeiro beijo. Agarrava pala lembrança um caminho que perdeu a forma assim que outras portas se abriram. O começo não era fácil, bem sabia.
Alma,
Outra coisa poderia ser. Era Vivo e sabia falar. Passeava por seu interior de terras ancestrais, camadas e camadas de diversas cores. Raspava pelas palavras sem a tocar. Desviava das plantas amargas de raízes fracas e corria, pois era assim que sabia fazer. Quis dançar, mas ainda o tempo não se achegara por ali, apenas passou para enfeitar as portas velhas com trincas.
Julgou,
Que não poderia ouvir... era breve seu segredo. Mal lágrima quiçá um rio. Nadava entres os nadas que iam se dissolvendo nas beiradas do seu sorriso apagado. Quis acender uma vela. Chorou. Por fim queimou sua imaginação como se fosse possível atear chamas a um mar. E brindou ao que sobrara de seu vestido rodado e das suas mãos de pena.
Ensaiou,
Uma verdade. E crendo a comprou. Depois embrulhou por falta de uso. Mas em dias como esse, onde o Sol se faz maior que nosso pretenso pensamento a encontrou. Traduziu para sua nova língua e colocou no palco. Fez uma prece e uma folia para a nova versão, verão dizia agora! E narrou na sua face o dialogo de si com o Mundo.
Amou,
O que não podia ver. Enfrentou o que não poderia ser. Gigantes e monstros submarinos horas lhe davam de guerras outras ciranda. Davam-lhe os caninos que cortavam suas armadilhas girassóis a denunciavam. Sentia o mal no bafo das ruinas, se entristeceu.
Consolou,
A si pelas nuvens serem de água. E lambeu seu céu, sedenta. De alegria queria germinar em si o infinito. Pé na terra dizia e se surpreendia com a sonoridade de seu dito. Nascer. Crescer. Morrer. As plantas a contagiavam com o ensinamento e as estrelas podiam esperar.
Leu,
Nos papéis e não nas veias de algo a história. Queria saber. O que as variantes do pensamento diziam nessa suplantação do tempo que viam fazer tranças com sua sobriedade. Formas e lógicas. Metas e contratos. Sentença dada. A réu achou na mata do seu mundo a arvore da ciência. Confessa se pôs na roda.
Ideias,
Como bandeira. Estiada a favor das gerações. Foi o registro de um tempo marcado, por anos destinados a um fim. Revolução jurava para o inimigo da vez. Poupou o espaço dos problemas e deu ao estado seu quinhão. Vermelho. Verde. As cores variavam a fome não cessava. Escravos nasciam e louvavam seu algoz. Anomalias em conjunto. Crueldades da espécie. Armas em sonhos. E o horror da careta humana, era aliviado pela teoria. Militantes lutando para não serem ingênuos.
Emocionada,
Com os panos no varal. Nostalgia reflete mais que o passado. Brancos e limpos. Como uma passarela de beija flores albinos ou sorrisos infantis brincando de equilíbrio nas cordas dos sonhos. Panos. Leveza era o encanto, assim como das bolhas de sabão e dos leques. De um tempo que a casa era segura. E acreditava-se em ilhas.
Viveu,
Quase uma poeta. Não fossem as sentenças desrespeitosas praticadas pela dor. Verso meio belo e inteiramente enraizado de tantos eus. Um tanto instrumento de sofrer ecoada pelo caminho que se perdi outro tanto um mantra aquecido por onde esta. No momento em que se pisa e se respira e levanta os olhos para o horizonte não ilusoriamente reto mas abstratamente pessoal nos dando o abraço discreto da unidade.
Morreu,
Quase uma poesia. Pontuada estranhamente de fim. Confusamente entregue a terra. Ainda incompleta. Um sonho que abri os olhos, os pássaros que partem. Quando a morte chega o vento bati e as arvores nos lembram de suas cores. E leva em sono pesado o pesadelo da separação. Novo silêncio.
Cresce,
O infinito não começa nem termina. Se o tempo não se apresentou antes, foi por puro desencontro. Estava antes estará depois. Ser e estar se distinguem. E somos o que ela foi sempre sendo: A humana que emergi dos dias com uma essência e inundada vive pelo Mundo que não se decide ser de fora ou de dentro.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Não instintivo.

Metade da mensagem se espalha
E o que resta se vai
Já nem sei como conseguiu chegar
Na ponta de uma garganta e gemer um verso
Já descrente.
O vento repete um passado de fé
Já perdido.
Arranca das folhas e não do humano
A voz natural.
Melodioso choro de uma lingua ancestral
Desconheço o grito.
Esse pulsar maior... essa palavra sangrenta de ares profundos
Vai calando.
Como se fosse certo ter somente pausa na voz.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Eu e Ela.

Para Cibely.



De manhã o pão barato amanhece
Olhos de remelas e ruídos de gritaria
Bocejo seu dia com um batuque de infância
E ela me dança com estrupilias
Ela chora.
Eu choro.
Fazemos planos de brincadeira
Panos de sonhos distante do mundo oco.
Falamos em vinte línguas diversas
Sexo, Sorriso, Jornal, Mãe, Morte e Passado... tudo num instante só
Sem explicação.
Basta o que é.
Silêncio.
Fumaça.
Risada para a velhice que há de chegar.
Vontade de México e Pavê.
De aventuras e lar.
Somos só Almas no abraço.
Somos toda legumes no almoço.
E toda bons sonhos a noite.
E somos também...
Dois seres olhando estupefatas para o caos e as borboletas.
Amigas de um deserto distante...
Que se separam.
Para caminhar
E se unem de novo para respirar melhor...