quarta-feira, 23 de agosto de 2017

Noite

Ao lado da cadencia das estrelas
reside um astro de cratera
tão profundo que em suas veias
cabe a poesia mais gélida
Entre órbitas e dizeres
dormita a sombra humana
supondo-a preterida 
se faz ecoada em silêncio
semi gente
almático
um desgosto ao astro rei
que vibra em explicito dizer
ela que em mansa voz
aumenta as marés
e rebaixa o plantio
e relega as certezas
ao seu devido espaço
tão frágil como se supõe a vida
Um manto implicito 
Azul prussio
digno de mares
e do rastro feminino
que se encolhe as ordens
e se deleita no pincipio vital.

quinta-feira, 10 de agosto de 2017

Hoje.

Eu quero meu corpo forte
Meus pés grossos
No cascalho, no carvalho e na areia
A robustez permanente de um nervo exposto
Rígido na geada, no solo e no Sol
O apontamento certeiro de uma flecha
A cada passo
Sem rastro
Firme.
Pesado
Com a exatidão cristalina do presente
Sem suposição
Reto,
Aposto
Pronto,
Para a trilha
Para a vida
E para as mãos soltas
Balançando em equilibrio perfeito
Ao lado do corpo sadio,
A poesia só rima com o dia
E a noite estrela outra canção
Só sua
Sem intervenção.
O seio farto
O coração soberbo de momentos findos
Sem sombras
Sem máculas
Mal repousando o adeus
E já partindo.