terça-feira, 23 de março de 2010

Longo...longo tempo.

Heis que a poesia dá um soluço e se cala por uns minutos. Mas volta...porque ela sempre volta.Dentre os olhos de água e a poluição da minha visão... ela se arrebenta pelo Bolero de Ravel. Eu que tenho gritado tanto... com o Mundo que deixa de ser "eles" para ser também eu.Com essa loucura engasgada... que quer quebrar paredes e desatar "nós".Com essa ânsia maluca de furia e violência que tem me atracado esses dias...como um colapso insistivo para me dizer Humana... para me saber mulher...gente sangrante nesse mundo de asfalto. Eu que tenho me sentindo uma tribo invadida servida a pão e a pedra... um jardim rasgado por invasores que nada sabem de flores e espinhos... e esfomeada caçada nos olhos...já não mais a resposta... porque há tempos que o mundo já não diz sim nem não... mas uma outra lingua atemporal... que não escuto hoje mas amanhã todo meu ser será... que não escutei ontem mas sou toda hoje...essa língua armadilha que me enreda e me torce ou me faz dança... eu que tenho perdido a fé nas palavras... nos abraços... na esperança... raspo meu tacho até o fim... viro minha cumbuca e batuco para todo o céu.Porque eu me recuso a endoidecer sem amanhecer.E quero amanhecer com todo bocejo desse tempo... dessa geração que me finge euforia... que me dá a pobre moradia dos acomodados. Ainda que eu não corte as veias da mentira... farei do meu sangue algo mais verdadeiro... seja pela dor ou pela alegria. Opto pela alegria... porque a Vida é antes de tudo... e sempre será " ACIMA DE TUDO POESIA".