domingo, 30 de novembro de 2014

Pureza.

A palavra pura
dissolvida em alguma doçura
tragavel aos olhos da alma
caindo suave no rio da lembrança
repousando lilás na árvore antiga do teu peito
Dizendo com ternura
as verdades que não ferem,
vão limpando com força
as folhas amargas do passado,
vai surgindo espaço
para poemas novos.

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

...

Eu peço licença e tiro meus sapatos para entrar no que fui, escorrego uterina nas minhas lembranças que se mostram em folhas soltas, tenho sua espiral em minha vertebra e carrego meu corpo e meu poço como quem traz em si o segredo do tempo de quem nasce e sabe de sua morte.
Tateio com cuidado as frutas maduras do passado, eternamente expostas nessas minhas raizes , meu solo, minha terra, esse eu dissolvido em ramos submersos, que arranco e renasce em outro tempo, sempre em mim, qual era a Vida que estava aqui? e que continua sendo embora tranque portas e dirija meus passos para a estrada?
Sinto saudades, sinto saudades profundas que me envergam as flores, mas porque digo suavidades se o que me tomba é o chão? esse vicio de carne e unha em pintar plumas naquilo que feri, é compreensivel que assim seja, mas eu queria uma vez ser a palavra exposta daquilo que é o tempo.
Mas, não culpo o tempo, sinto carinho por ele, gosto da pele que envelhece, gosto do peso de ser humana, gosto das muitas vidas em uma só, gosto desse arrombo surpreendente que é pulsar. Aceito não saber.