O que é a poesia diante da fome?
Qual estrofe ritmifica a catástrofe diária?
Que poeta traceja a retidão da agonia do medo?
Qual arte se faz linguagem do silêncio miserável?
No fundo o dito da garganta estrelar
Pode ser apenas um estranho anseio pelo pão
Que se não sacia a fome prática
Pratica pela veia o alimento de sentir
Sentir-se tocado a grossos dedos, pela realidade brusca;
Que segue no ritmo marchante a lei da ordem de um ser imaginário
Mas a fome esburacada dita regras
Pontua errada a frase
Encerra a arte aguada
Soro lacrimoso
Canja inexata
Fingindo calar o sopro maior da vida
...E calando de fato.
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