sexta-feira, 21 de agosto de 2009
Cadente.
A folha de um concreto
Sombreou meus olhos
Dando a luz turvo fio de átomos
Cinza brusco rígido e fálico
Meus olhos sombreados.
Caminharam pela terra
Noites e dias incontáveis
Dentre eles margens de rios esquecidos
Amores dentre conchas despedaçadas
Pedaço de piso embaçado
Traçado incompleto de dias
Rabisco de saliva
Nas discusões dispersivas
...Meus olhos num dia de chuva
E a dura folhagem
Impermeável de dizeres
Aponta por entre os dedos imaginários
As gotas cadentes.
quinta-feira, 20 de agosto de 2009
Sim.
Um caso- A menina o padastro e o padre.
Era o monstro do quarto ao lado
Que dormia com sua mãe calado
Mas babando de abuso entre as calças
Tirou o horizonte do pássaro
Jogou semente na violência
No útero ainda mal feito
Útero macio de menina na ciranda
Ou ciranda deveria haver
Mas não ouve
Como não ouvirão seu grito
Pelo mundo partido
A semente jogada fora
Fingi limpar o gozo amargo
E o homem de saia vulgo de deus
Sentencia o inferno
-Para o monstro meu senhor?
Não! Para a fêmea menina que se recusou parir.
Ok.
O amor não existe.
O que existe é você
E eu existo às vezes também...
Faça tuas fogosas danças
Apalma amarela meu ex sorriso
Em tua sombra
Canta, porque é assim a dança da certeza
Que eu vou esconder embaixo das saias os sonhos
E não as rodo mais...juro.
Concluíste-me com a marcação cerrada da realidade
Essa coerente solução amarga
- O amor não existe para ti.
quinta-feira, 13 de agosto de 2009
Temporada das Flores.(o objetivo do Amor II)
mas estavam na mesma gaveta que o
calor das pessoas e o amor pela vida."
Quando o mundo são milhões
É confuso o passo quando o passado faz sombra
Mas faça-me o favor
Faça da sombra sombreira de descanso
Que nela enfeito meu balanço
Com o sorriso maior que minha alma pode dar
E quando o cansaço da vida fazer que duvidemos
do dia primeiro que nos vimos
Vislumbra ao longe um novo passo
E planteia um novo dia na Embaúba
que respira alto... mais alto... que a roda louca da vida
E nessa roda... dancemos de mãos livres
Que já não importa os dizeres... nem as promessas...
Pois já somos muito além do que um dia sonhamos.
sexta-feira, 7 de agosto de 2009
Buda,
Verso bobo e vermelho.
É vermelha deveras a cor dos olhos que me saltam
Não quero a paz amansada de uma lata
Quero a vida em partes inteira
No infinito e na reticência
Vive a flor da vida
Tão finda, quanto qualquer coisa...
Tão linda quanto o giro da rapariga
Que torta já dança,
E se os pés sangram?
Prossegue a dança no turno de tzigane.
Que não é de estrela a melodia
É de terra e armadilhas
Mas guarda nas entre linhas toda paixão da poesia,
E não é poesia
É VIDA...VIDA...VIDA.
Tantas formas já sorriu.
Tantos risos de gozo partido
Tantas delicadas erupções...
Pedreira.
O que é a poesia diante da fome?
Qual estrofe ritmifica a catástrofe diária?
Que poeta traceja a retidão da agonia do medo?
Qual arte se faz linguagem do silêncio miserável?
No fundo o dito da garganta estrelar
Pode ser apenas um estranho anseio pelo pão
Que se não sacia a fome prática
Pratica pela veia o alimento de sentir
Sentir-se tocado a grossos dedos, pela realidade brusca;
Que segue no ritmo marchante a lei da ordem de um ser imaginário
Mas a fome esburacada dita regras
Pontua errada a frase
Encerra a arte aguada
Soro lacrimoso
Canja inexata
Fingindo calar o sopro maior da vida
...E calando de fato.
quinta-feira, 6 de agosto de 2009
O Objetivo do Amor.
Por entres meus dedos o meio fio
Que a vida se ri inteira
da minha pretensa seriedade.
E os caminhos que são imensos
Sempre...sempre no mesmo fim...
Vão criando para mim imagens
Que de longe muito longe
Serão os dias que constituiram meu verão.
A palavra e a promessa
São só palavras ainda sim...
Amanhã o sol muda
E eu também.