quinta-feira, 22 de outubro de 2020

Verso hermético 34.

 Amanheci amamentando

Animal de alma estirado ao sol

Busquei o tempo desse ano

E uma névoa clara prevaleceu

Umidade amorosa e disforme

De tantos para sempre e nunca mais

Me sobrou o agora

Recordo vagamente de promessas

Amores e amigos passados...

Retorno ao presente

Preenchida de uma simplicidade desconhecida

Sem grande exacerbação

Retomo meu passo

Por vezes cansado

Limpo.

Escondo meus escombros

Preciso da linha reta

Agora guio,

Hoje cavuco meus desejos

Levemente desgastados perante a rotina

Limpo e vejo o que de real existe nisso,

Preocupação sincera...

Me vejo honesta.

quarta-feira, 30 de setembro de 2020

 Vontade de inícios

de tomar a frente do primeiro pensamento

e limpar cada peso que o carrega

Esvaziar.

terça-feira, 25 de agosto de 2020

É

 Viver é mais dificil que parece...

Há de se achar o sentido 

E caso a sorte lhe resista a crucial partida

É preciso persistir

Mesmo que em uma piscada

O tão claro se embace

E o caminho certeiro se reparta

E haja a certeza desgarrada

Que novamente, é hora de partir...

Viver é mais dificil que parece...

É preciso medida na dispersão

E isso já é exato

É posto uma tabela ao lado

Me perguntarão no além

O que fizeste Camila?

Lamuriou o soco certeiro?

Arrastou seu dia inteiro, sempre buscando o que não tem?

Viver é dificil

E tudo bem me sentir pequena

A onda de fato é grande.



terça-feira, 26 de maio de 2020

Na sombra do meu rosto, a esgueira da visão, repousa a porta escura semi-aberta, como meus lábios, controlando a respiração para respingar de ar meus pensamentos tão assombrados. É um adeus ao tempo. É um aviso para o acaso: Te vejo. Repouso em você meus ombros tensos, e danço em passo denso. Sou nua, qual a dúvida?

Tenho controlado minha pele esposta, o horário dando propósito ao arrepio, mas veja o vento sopra novamente o perfume de uma outra era, e compreenda, não posso recusa-lo.

Muito tempo na superficie, faz com que o sol nos abençoe e nos desacostume aos cosmos obscuros dos nossos desejos e medos. Ele arrebenta a órbita mágica da solidão, e te faz brotar, mas lar é lar, e ele encontra uma forma de nos chamar, do menor ao maior suspiro, entraremos.

Deixo o encejo escuro dar seu discurso. 

Respondo, antes que ele me cobre mais que a esperança.

Amanhã será outro, hoje deito sobre a frieza e me permito a realidade em sua face desterrada. 

segunda-feira, 13 de abril de 2020

Conselho

Quando a metafora cala é melhor se apressar.

No meu caminho

Um poema quebrado no caminho,
nem era robusto
mal cozinhava
tecia pouco
acalentava o suficiente
nada sobrava
faltava de um certo
Nutria sem mimar
era suposto
singelo
e livre
era o meu poema quebrado no caminho
Subia o morro no tropeço
amava a rodo
sangrava de gosto
sabia o que vivia
torto
cambaleava, mas sempre ia
Pontuava em excesso
o riso
o choro
de resto faltava
Era meio toco
obviamente com lado oco
era o meu todo
esse poema quebrado no caminho.

segunda-feira, 30 de março de 2020

Silencio

Naquele ponto escuro
mal visitado
denso de respirar
desterrado
para o acaso
é onde está a janela.
Entre as folhagens
e o tumulto do pensamento
respira o ar rerefeito
indesejado na alegria
mas, bem quisto no desespero
nosso silêncio transborda
pede a chave
e nos recebe
quase em paz.