sexta-feira, 27 de abril de 2018

E sorrio.


Porque o que eu gosto mesmo é do rimel borrado sem vergonha, e aquela trágica careta grega dos lábios retorcidos que a pouco sorriam exuberantes, e em breve retornarão, porque é de intensidades que se debatem meus dias. 

Eu gosto mesmo é da falta de vergonha de sofrer, do drama descarado, da tequila derramada languida de amar as flores e o chão, eu sou adepta das paixões e dos arrebates do peito que vibra e sente, e se afunda e se ergue, e ama sem destreza, nua, desperta, com o peito em rubro e em fogo, em águas derramadas em abundancia.


Que se exploda a leveza cobrada.



Sobre ser amada apesar de...

Eu vou despir minhas certezas
eu vou esquecer em cima da mesa
o contorno bem delineado do meu corpo
eu não falarei nada
de util
de prestativo
e consolador
eu não saberei o caminho
e terei dúvidas
Eu vou supor e descontruir
mil vezes a trajetoria dos meus pés
mas, dos teus eu prometo cuidar
E proteger com sangue e sonho
seu sorriso e sua dignidade
eu vou abrir meus braços
e fechar em muros e murros
teu peito amado o seu e
dos meus,
mas, eu não saberei a canção
nem o passo da dança
eu não terei assuntos
e vou decair algumas noites
tão fundo que ficara dificil me achar
eu vou arrastar alguns dias
entre o sono e o susto
e não saberei como dizer
que existe uma morte sempre proxima da vida
mas, o meu amor eu saberei dar
e devotarei meus ouvidos
para escutar as entrelinhas
e muitas vezes vou me trancar
em um local que nem saberei a chave,
(sou boa em esquecer os sentidos)
você manterá a porta aberta ainda assim?
Não terei rima
Nem qualquer razão
Mas, no fundo me manterei olhando e cuidando de vocês.


sábado, 21 de abril de 2018

" Vou trancar-me para nunca mais abrir...para o sabor dos nossos sonhos não fugir"

Essa música para sempre vai me doer, quando o trágico sabe ser singelo é um encontro que vale a pena se permitir sentir.





quinta-feira, 19 de abril de 2018

Quão fundo eu preciso chegar para virar do avesso?

terça-feira, 17 de abril de 2018

Do que não gosto.



Existe uma estranha loucura em todo canto, quase tão rasteira que se confunde com as horas, uma loucura sem forma. De tão insipida mal se percebe, a encaramos com os olhos de quem a reconhece, com uma familiar cortesia a cumprimentamos como se sempre a víssemos no final da tarde.Ela nos responde com os olhos esbugalhados e tristes de quem já não suporta, mas permanece a ruminar seus maus dizeres, seus maus amores, no fundo, seu mau olhar perante a vida.Porque essa loucura não é destemida, mas sim covarde e insonsa e se transveste de normalidade da forma mais mediana que podemos imaginar. Ela beira a educação. O desespero da loucura é o ultimo batimento da formalidade em que ela, por um instante de relapso, grita e se entrega em toda sua extensão com suas hastes e seus caules de asco.

Para mim, essa é a pior loucura de todas. A loucura sem gozo, envergonhada de ser louca se encapota de firmezas...de certezas. Preenche toda sua fome de mil vidas com a moralidade mais desalmada, recheia o copo vazio de saliva áspera, e tira dali seu porre sem cachaça e sem música. Só vocifera todos os pontos finais que lhe cabe e insiste ,sem dúvida alguma, em sempre e sempre afirmar.

segunda-feira, 9 de abril de 2018

Umalome

No inicio era o fim
o ponto forte que marca
e depois o caos
em duras camadas de pó e concreto
que circulares serpenteavam o acaso
No meio era o fim
e o retorno desgarrado
de um ato sem amparo
deitado sonolento no precipicio
que mau percebeu o abismo
que sua bussola partida o.levou
E no fim era o meio
de uma tentativa de caminho agudo para o infinito
Mas, antes de sonhae reticências
Só havia a retidão
do horizonte no mar
o desenho paralelo ao nada que exigia disciplina
E depois apareceu o silêncio
Que era o verbo e a vida.