sábado, 5 de junho de 2010

Para um Amigo...


Porque eu queria mesmo te dar meu abraço, como queria abraçar as pessoas que por algum motivo fazem florir esse meu caminho de Vida e também porque tanto eu quanto você estamos cansados das palavras... já nos apaixonamos demais por elas para saber o quanto elas queimam diariamente... acinzentando com a insuficiência a esperança do nosso mundo colorido.E se me esforço a te desejar algo para dizer... te digo: Sol,Chuva,Olhos de criança, Passaro voando,Bolero de Ravel,Bolinho de Chuva,Poesia!,noite de lua cheia com cheiro de mato molhado, barulho de mar...flores muitas flores... principalmente de maracuja. Essas palavras no momento me parece os melhores motivos para se continuar a Vida... que é tão complexa em sua simplificação de vida e morte.Mas esses são os meus motivos... os motivos que independem de outros... que mesmo quando o mundo desaba( ah e como ele desaba) me faz respirar mais leve ou melhor me faz querer continuar a respirar.São paixões naturais... maiores que as cinzas em que tantas se formam. Sei que contigo não posso citar meus poetas favoritos...afinal, você os conhece melhor que eu. Nem posso fingir o palpite de uma solução prática... disso sei tão bem quanto você que não nos basta.Então repito meu desejo de um abraço sincero. E talvez entregue nas entre linhas o reconhecimento de que a Vida pode ser bastante difícil para quem quer vê-la tão perto... quem quer sentir seu hálito não a distância mas "matinando" nos nossos olhos...sempre! e eu nem te conheço tão bem como deveria( jamais existe tempo suficiente) mas sei pela nossa conversa de libélula que desejo que fique bem, que se descubra maior. Difícil ouvir conselhos enquanto sangramos... difícil. Mas também poderia não ser. As vezes... escuto tanto a pregação eufórica da felicidade que essa palavra já quase me satura... mas o que quero te dizer é que desejo que você fique próximo da essência disso(realmente)e para mim isso é estar próximo da própria essência...sem desviar... que você fique mais perto da sua paz...afinal a paz é sua... assim como o inferno... Eles foram nos dado de herança... bem antes do pecado. E sobre estar só... como me disse da ultima vez em que nos falamos... não vou rebater com minha Ode típica de amante da solidão... porque existe uma face dela que dói... uma dor sem poesia. Dói como corte em carne de abate e ponto.E sobre esse rosto estranho(ainda que as vezes necessário) desejo que você aprenda a se concentrar em si e a refazer sua ciranda consigo... e se lembrar daquela cantiga singela de ninar em noites de frio e que possa cantar para si sem medo de ser tolo... e quando sair novamente gostaria que lembrasse daquelas palavras ou qualquer outro motivo de Vida... e quando puder...e quando quiser... esta aqui meu abraço guardado.

No hospital...

Um cubículo frio...
E lá uma historia
que por falta do que fazer...criei
como se a mim fosse possivel
ver os ângulos e as entre linhas das suas rugas
E no seu gemido agonizante
pensei na palavra desejada
que não sera dita.
Esse silêncio faz mais sentido que o silêncio
que em minha garganta tenho
Ele de boca aberta fica
como um animal assumindo o que é
o que somos...
E no corpo que se entrega a nova carapaça de semente
esse mosaico que estranho ainda que seja também eu.
Eu vi.
Porque só era possivel ver...
Estar de olhos abertos
enquanto outro fecha
E o filho chora
E ora.
E de repente Deus assume seu lugar...sem duvidas
E a alma renasce no pensamento
Agora em que tudo acaba
O que te resta?
Não importa....
Nada importa mais.
Enquanto a ultima respiração se esforça
para tocar a areiae trazer água pra o sedento
O enfermeiro abre a cortina
Resmunga.
E como mágica...
Despi toda a espiritualidade de sentindo novamente.