quinta-feira, 22 de junho de 2017

Interior

Eu gosto é de terra, na falta de águas tenho o céu, e quando nublado tem ar puro.... tenho a semente que cai no quintal, e no meu peito floresce a simplicidade mais que almejada.

quarta-feira, 7 de junho de 2017

Tulipa da Africa.

Os tijolos, a terra batida, o cimento, o cheiro úmido em todos os lençóis e brinquedos. O medo de madrugada e os pesadelos. O jogo de bola no quintal, os patins, o teatro e as risadas. O abuso, a violência, o assalto, o tiro na cabeça de alguém ali na esquina. O primeiro namorado chegando na porta, Pelargônio fitando os olhos do meu pai. Os churrascos e o traço de uma alegria sem reboque, bruta, firme, formando meus passos e dos meus irmãos. O vinho, o suco, a água fluindo como o tempo. Tanto desgosto, tanta pressão. A periferia é a realidade? Essa mescla inteira de tijolos, ignorancia, e esquecimento. A raiva, a aversão e a gratidão de tudo que foi em um gole só, esse gole de Vida passada, suportada, mas tão complexa em suas alegrias, na força a familia construida ombro a ombro em casa susto, em cada sabado, em cada recreio, em cada soco, em todo suor que trago, respinga em mim essa casa. Um comodo inteiro de lembranças, que separo com delicadeza, e extraio enfim (já que é a parte que me cabe) com alegria esse Adeus, e com uma gratidão porque a vida foi aqui, e agora irá, está indo...
E eu que gosto tanto de partir, que me sinto do mar, que sempre vou e me desfaço dos laços, sinto que o passo vai indo mais devagar, e agora eu olho com mais calma para os cantos, para o canto dos meus pais, e da gravidade em afirmar que a vida não é dança e sim luta... ainda me cabo de discordar. Essa casa não é o meu fardo, a minha escolha ainda não é essa, meu fluxo ainda se entrelaça com as possibilidades, mas eu sinto essa parte em mim. Eu que sempre vou, sorrio por ver a casa partir.