quinta-feira, 21 de outubro de 2010

24.( outra hermética)

Vinte e quatro horas se passam
um dia se acaba
chega a noite que dorme,
amanhece.
Vinte e quatro vezes de trezentos e sessenta e cinco
mais uns miléssimos
Mais uns centimetros
E outros tantos não medidos.
Meus olhos por vinte e quatro anos se abrem
Cada vôo que passa... o céu muda
Novos passaros...
outros mancos.
Vão surgindo na minha estrada.
Eu era pequena...
tinha menos que uma palma para acenar
Escrevia na parede minha furia
beijava os papéis de carta
Lambia todas as frutas
Estiletava em balbucios minhas observações
E vem o tempo...
Fingi saber o que fazer...
Acredito nele...
As vezes não.
Variantes de caminhos
ultrapassam meu pensar.
Ouço um tempo...
De sangue, sangue, carne e socos
em outro
ecoa...
Plumas oniricas de um mundo estelar.
Vem o tempo...
Joga sua música
troca o passo quando quer...
Só para fazer graça...
De graça é que não fica...
Foram vinte e quatro pós o parto...
E o Sol há de se assumir.

quarta-feira, 20 de outubro de 2010

Onde queres... não é onde estou.

Vem me falar do teu Deus da história... que ele se inicia no verbo e termina no ponto.Aponta para o céu a barba branca onde se enrola em fios imaginativos que te enforcam nessa tão estranha certeza. Vem me contar com sua firmeza onde minha Alma vai pousar... porque meu corpo se desenvolve em águas e fogos. Afirma. Reafirma. Fala com teus sem porques as respostas das minhas interrogações com asas...que jamais toca. Faz-te criança e receba do sermão criado a certeza incriada do seu ser... e enquanto os lábios se mordem e a lingua afiada já retruca disfarça a razão e aponta para uma fé desenhada... que nada arranca de ti se não um um pequeno "ais".Ais Oasis? o deserto fabrica água.
Não sou da reticencias incrédula. Mas antes um riso que se saiba eterno que um Deus que apenas exclama.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Madalena.

E o tempo
esse tempo
risca o rosto
finge faca
corta ancora
amarra braços

Esse tempo
pesa a sombra
do sonho acabado.

Mas também
faz de arvore
o que antes era broto
E do discurso
sua história
faz do passo
não um acorde
mas o acordo
entre aquilo
que amanhece e vira noite

Esse tempo...
Que me arranca
dos olhos
O sorriso de estrela
cria neles
a estrela dos meus dias
que cadencia
com pedidos
no céu...
escuro...
das pessoas que dormem.

Suave...

Era um rio
Um sorriso
Não solista
Ensolarado
Solicitava meu abraço.
Meu passo
Era um peso
Caminhava
como um arco
supostamente
para o céu.
Era aquilo
Assustada
Vivia
Batendo
as mãos
para o alto...
pedindo
a Alma
da vida
...em mim.

sábado, 5 de junho de 2010

Para um Amigo...


Porque eu queria mesmo te dar meu abraço, como queria abraçar as pessoas que por algum motivo fazem florir esse meu caminho de Vida e também porque tanto eu quanto você estamos cansados das palavras... já nos apaixonamos demais por elas para saber o quanto elas queimam diariamente... acinzentando com a insuficiência a esperança do nosso mundo colorido.E se me esforço a te desejar algo para dizer... te digo: Sol,Chuva,Olhos de criança, Passaro voando,Bolero de Ravel,Bolinho de Chuva,Poesia!,noite de lua cheia com cheiro de mato molhado, barulho de mar...flores muitas flores... principalmente de maracuja. Essas palavras no momento me parece os melhores motivos para se continuar a Vida... que é tão complexa em sua simplificação de vida e morte.Mas esses são os meus motivos... os motivos que independem de outros... que mesmo quando o mundo desaba( ah e como ele desaba) me faz respirar mais leve ou melhor me faz querer continuar a respirar.São paixões naturais... maiores que as cinzas em que tantas se formam. Sei que contigo não posso citar meus poetas favoritos...afinal, você os conhece melhor que eu. Nem posso fingir o palpite de uma solução prática... disso sei tão bem quanto você que não nos basta.Então repito meu desejo de um abraço sincero. E talvez entregue nas entre linhas o reconhecimento de que a Vida pode ser bastante difícil para quem quer vê-la tão perto... quem quer sentir seu hálito não a distância mas "matinando" nos nossos olhos...sempre! e eu nem te conheço tão bem como deveria( jamais existe tempo suficiente) mas sei pela nossa conversa de libélula que desejo que fique bem, que se descubra maior. Difícil ouvir conselhos enquanto sangramos... difícil. Mas também poderia não ser. As vezes... escuto tanto a pregação eufórica da felicidade que essa palavra já quase me satura... mas o que quero te dizer é que desejo que você fique próximo da essência disso(realmente)e para mim isso é estar próximo da própria essência...sem desviar... que você fique mais perto da sua paz...afinal a paz é sua... assim como o inferno... Eles foram nos dado de herança... bem antes do pecado. E sobre estar só... como me disse da ultima vez em que nos falamos... não vou rebater com minha Ode típica de amante da solidão... porque existe uma face dela que dói... uma dor sem poesia. Dói como corte em carne de abate e ponto.E sobre esse rosto estranho(ainda que as vezes necessário) desejo que você aprenda a se concentrar em si e a refazer sua ciranda consigo... e se lembrar daquela cantiga singela de ninar em noites de frio e que possa cantar para si sem medo de ser tolo... e quando sair novamente gostaria que lembrasse daquelas palavras ou qualquer outro motivo de Vida... e quando puder...e quando quiser... esta aqui meu abraço guardado.

No hospital...

Um cubículo frio...
E lá uma historia
que por falta do que fazer...criei
como se a mim fosse possivel
ver os ângulos e as entre linhas das suas rugas
E no seu gemido agonizante
pensei na palavra desejada
que não sera dita.
Esse silêncio faz mais sentido que o silêncio
que em minha garganta tenho
Ele de boca aberta fica
como um animal assumindo o que é
o que somos...
E no corpo que se entrega a nova carapaça de semente
esse mosaico que estranho ainda que seja também eu.
Eu vi.
Porque só era possivel ver...
Estar de olhos abertos
enquanto outro fecha
E o filho chora
E ora.
E de repente Deus assume seu lugar...sem duvidas
E a alma renasce no pensamento
Agora em que tudo acaba
O que te resta?
Não importa....
Nada importa mais.
Enquanto a ultima respiração se esforça
para tocar a areiae trazer água pra o sedento
O enfermeiro abre a cortina
Resmunga.
E como mágica...
Despi toda a espiritualidade de sentindo novamente.

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Me perdoe o caos...

Me perdoe o caos
que entre as palavras cruzadas
um espírito se cansa.
E essa canção onde as vértebras tem sua voz
e expressam essas loucas passagens
como uma bigorna acelerada buscado esse pulso
que não vislumbro mas não cala em meus ouvidos...e pele e tudo...
Onde esse eco cinzento de passos urbanos
agonizante canta...
Mas entre minhas ramagens é quase silencio
e esse silêncio recusa a ordem
Por outro nem ordena nada que não seja:
Busque.
Fuce.
Procure.

terça-feira, 23 de março de 2010

Longo...longo tempo.

Heis que a poesia dá um soluço e se cala por uns minutos. Mas volta...porque ela sempre volta.Dentre os olhos de água e a poluição da minha visão... ela se arrebenta pelo Bolero de Ravel. Eu que tenho gritado tanto... com o Mundo que deixa de ser "eles" para ser também eu.Com essa loucura engasgada... que quer quebrar paredes e desatar "nós".Com essa ânsia maluca de furia e violência que tem me atracado esses dias...como um colapso insistivo para me dizer Humana... para me saber mulher...gente sangrante nesse mundo de asfalto. Eu que tenho me sentindo uma tribo invadida servida a pão e a pedra... um jardim rasgado por invasores que nada sabem de flores e espinhos... e esfomeada caçada nos olhos...já não mais a resposta... porque há tempos que o mundo já não diz sim nem não... mas uma outra lingua atemporal... que não escuto hoje mas amanhã todo meu ser será... que não escutei ontem mas sou toda hoje...essa língua armadilha que me enreda e me torce ou me faz dança... eu que tenho perdido a fé nas palavras... nos abraços... na esperança... raspo meu tacho até o fim... viro minha cumbuca e batuco para todo o céu.Porque eu me recuso a endoidecer sem amanhecer.E quero amanhecer com todo bocejo desse tempo... dessa geração que me finge euforia... que me dá a pobre moradia dos acomodados. Ainda que eu não corte as veias da mentira... farei do meu sangue algo mais verdadeiro... seja pela dor ou pela alegria. Opto pela alegria... porque a Vida é antes de tudo... e sempre será " ACIMA DE TUDO POESIA".

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Quis pintar nas paredes o sol e seus raios
quis raspar do verniz a madeira cheia de expressão e ruga
Quis dançar com rasgo o asfalto
Quis lamber todas as gotas das folhas e dos olhos
esfregar o pulso no primitivo...deixando rastros dessa essencia...
Essa que é tempestade e passa...
Quis beijar os cabelos...
E arranhar as certezas
Quis amamentar a prece da lua que se desespera em não minguar
Quis pontuar essa historia de cifras
e passar pela margem coerente...
Quis me atracar violenta com o muro...
Esmurrar meu medo...
Cuidar das raizes comidas pela terra...
Quis minha alma na pele...
(continua...)