sábado, 27 de junho de 2015

Do desencontro.

O sinal abriu antes do ponteiro marcar 6h, horário dileto do peito dela, acelerou e desejou esbarrar com ele ao abrir a porta, naquele preciso momento em que a alegria se fazia mais presente e uma euforia tipica, até mesmo de sua infância cantasse mais alto, ainda que fosse um canto breve, explodisse e se tornasse espuma rarefeita do tempo novamente, apressou o passo, estava decidida a ignorar que logo em que o relógio desabasse a anoitecer, teu peito também voltaria manso para a noite. Não queria saber.

Queria chegar logo! onde ele esteve na outra semana, e como que marcado repousar o peso dos seus ombros em um solo mais forte, mais tenro, mais terno, mais terra, deixar o devaneio existencial do lado de fora, e ser mulher nua largada no taco morno.

Era só o que queria, de toda a metafisica restaria a fumaça no quarto traçando piruetas pelo ar e escapando por suas narinas, a fumaça pontuava a dúvida com uma marcação legitima e final, deitaria seu corpo e deixaria toda umidade lembrar seus poros o que é ser animal orvalhado.

Era só o que pensava, entre tantas mãos e direções apontando para objetivos que ela ignorava, arrancava e surrava, sabia se despir, aprendera a duras penas, arrancar a mascara quando era preciso, isso a salvara de se perder na pose altiva de mármore inacabado que a sociedade lhe pintara.

Entrou sem bater, sorrateira,postou a maça na escrivaninha onde antes havia um grosso livro,  jejuou o pensamento na meditação mais carnal que lhe coube e aguardou...