quarta-feira, 25 de abril de 2012

Traição.

A pior coisa que fiz para a poesia foi me contar poeta.

Ventos.

Quando todas as outras vozes se calarem, a minha continuara aqui. Quando o meu dia especial anoitecer, as estrelas que iluminei quando ainda haviam luzes é a unica coisa que me acompanhara e elas serão tão vivas quanto são. Quando o tempo ceifar da minha partitura as notas que hoje guiam minha dança, meu corpo continuara ainda que em silêncio girando, pausando e fingindo ter a lua como parceira nessa contradança atemporal. Eles partirão. Eu partirei também, em mil partes por todas essas vidas que me cabem, ainda sim sobrarei inteira para contar-me as histórias que vivi aqui dentro, aqui fora. Quando tudo que o outro via era silêncio e o que meu coração percebia era orquestra. Quando meu coração saltava e se perdia em olhos, bocas de outros mundos, que meu interior balbuciava sem poder dizer o quanto de festa e caos se despertara. Quando meu sonho amadurecer e cair na realidade, saberei que sou eu quem o pariu e o partiu com a mesma dor e amor. E aquele laço, aquela âncora,que não pesa por caber tão perfeitamente em meu espaço infindo, aquela essência que respiro e me faz amar o ar que entra e reconhece meu corpo alto e minha alma de recantos e regatos, vai partindo igualmente pelo todo em mim.Caminhos e mais caminhos percorrem sempre sabendo como ser e não estar, eu o respiro e isso inspira os meus ventos e versos a continuarem a cantar nessas frondosas e frutíferas arvores da estação, e quando esta por força daquilo que é natural mudar, irei me saciar de sementes.

Eis o exato comprimento.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Meu Mar.

Mar que não inunda vira ressaca...
Tempestade marinha, sem raios
sem trovão, sem estrondo...
Cresce e ultrapasse a si
mar feminino em mim..
Salga meus plantares
meus cantares, meus pés.
Ignora meus castelos
arranca plantas baixas,
desmaia minha secura
e cresce em tardio assalto
rompendo o que existia de incerto em mim.
Soberana água
de peixes silenciosos e simbólicos.
Me dão sinais
e a certeza
que nada seco sairá em mim
tudo úmido, unido com liquido:
O sal purifica.

(Foto: Alberto Kirilauskas)