terça-feira, 22 de outubro de 2019

Verso hermético 33

As praias solitarias estão distantes
Mas meus pés e coração ainda trazem o resquicio de serem selvagens
A memória é vida
da caminhada até aqui
Meus sonhos meio ancorados
E meio atentoa aos novos ventos
As paixões se calaram?
Nada importa tanto quanto minha paz
Minha Lira
Minha Filha
Eu mãe
Eu só
Trançando minha identidade com a canção que vem
Rompante passageiro
E o mais enraizado que nos dias se pode haver
Minha mochila esta no canto da sala
E no meio seio o leite e o novo vibram
Há de se ter paciência e sabedoria para juntar os dois
As 32 voltas em torno do sol
Foram de vindas na marra
No bruto
No seco
Mas vieram atravessar meu caminho...
A felicidade pode usar tantas formas para ser
Inclusive a seriedade que me paira tambem o é


https://youtu.be/2cvGoTWK9WY

domingo, 14 de abril de 2019

Minha Filha II - Matryoshka

Hoje andei na mata e senti meu corpo cambalear, era cansaço. Andando na mata do tempo chuvoso, cercado de vida, de folhas que caem e que nascem, de pássaros que passam e que ficam, de gotas pendulando nas folhas, efêmeras e cruciais, senti meu corpo vibrar. Vibração de uma geração inteira no meu útero, senti o sangue quente em sua história percorrer meu corpo, uma sinfonia cigana, com fogueira e pés no chão, de mulheres fortes que alimentam-se de si e alimentam o outro com cada célula que transborda. Hoje andando pela mata, senti a herança dos elementos que deixo com minha filha, de uma canção ancestral, de uma batida tão ecoada que soma e soma a cada geração. É o sangue que queima, na água que cai, no ar que respiro e que ela no meu universo utero sente como o mundo todo. Andando na mata senti minha alma o mundo todo também, ela não isolada, ela e o sempre, ela e minha filha e o tempo, ela e minha mãe, vó e todo uma vida imensa que resiste e encontra fibras para Ser na aridez ou na vastidão.

sábado, 13 de abril de 2019

Amor acaba

Eu isolo
Desconjuro e viro a cara
para quem me disser que o amor acaba
Eu mudo a calçada
Reverto o passo
Corro para outra esquina
quem me vier com esse papo
que o amor acaba
Me escondo, sumo e ignoro
pirraço cantando alto
Sapateando tolice
viro revolta em meninice
E me atraco na rua de casa
para quem vier me contar que o amor acaba
Grito alto, pego a foice
Arranco o mato
Inspiro um murro
construo um muro
Viro o cabo
Acerto o talo
da palavra errada
que o amor acaba.

E em nada disso
com toda a força que me cabe
bem sei no fundo
que existe a possibilidade
que o tal do amor de verdade um dia acabe.




quinta-feira, 14 de março de 2019

Tudo muda

"Pero no cambia mi amor
Por mas lejo que me encuentre
Ni el recuerdo ni el dolor
De mi pueblo y de mi gente"





sexta-feira, 8 de fevereiro de 2019

DISARM.


"I used to be a little boy
So old in my shoes
And what I choose is my choice
What's a boy supposed to do?
The killer in me is the killer in you
My love
I send this smile over to you"

Eu sou um amontoado de lembranças, uma camada viva e profunda com muitos poros emotivos que se eriçam por lembranças, cheiros, musicas e tudo mais. Minha memoria é estupidamente boa, e mais do que isso ela é ressuscitante de tudo que ja senti e vivi, não tudo, mas do que caiu no fundo e continua vivo lá, dando seus ares na minha respiração.

terça-feira, 29 de janeiro de 2019

Homem de meia idade.

Poucas coisas tem me cansado tanto quando o homem de meio idade cheio de certezas, aquele que dá carteirada do tempo para suplantar sua ignorância e o faz pedindo o silêncio respeitoso, como se a ele fosse dado pela vida o caminho da sabedoria, mas bem sei que não.
Aquele tipo que cresce subjulgando as mulheres, que arrota brutas verdades a torto e a direita, mas nunca brota de si uma auto critica. Aquele tipo bem gasto de ofertar culpa para todos, menos para si, que faz piada sem graça e se molha de rir. Cheio de teias preconceituosas, de certezas fingidas de boa vontade que na verdade só estampam sua pobreza de coragem.
Ele sabe o que é Deus, o Amor, e a Verdade, sem pestanejar. SAbe o que é melhor para todos, menos o que é util para ele ter uma vida mais cheia de proposito que lhe traria uma capacidade real de cuidar dos seus próprios dias. Enquanto isso, vive rigido, carapaça morbida que estrala na primeira lágrima verdadeira que um dia, espero cair.

domingo, 27 de janeiro de 2019

Ode a ignorância

Tempo de desgaste da razão
o osso exposto
raspado até o fim
no ultimo suspiro lúcido
calado pelo grito acre
estupido
másculo
cagado no sentido
de sensibilidade
tempo de cegueira robusta
aguda
afirma e ataca
não pensa
reage ao chicote
do sonho fingido dos vencedores


sexta-feira, 11 de janeiro de 2019

Socialmente.

No gatilho a palavra mal dita,
a mira é o susto que deixo
caído no acaso
da minhas suposições pueris
Seu grito é masculino
e me desce seco
como um asco
como um arco
amparado pela estupidez
Ele clama por respeito
Pontua com sua razão
Esbraveja ensebando seu escroto
em cada silaba
Goza de poder
Falho, falo pequeno
perante a crueza do mundo
Mas, se vê grande
cresce na distração
Empurra em minha goela
Mulher homem sua fúria
não animal.

Percebo: Hora de afiar os dentes.