segunda-feira, 27 de junho de 2016

Guerra.

A humanidade anda para frente?
Bípede caminha em linha turva
e pisa pesado
O passado de grandes sombras
marcam a história
Freiam a consciencia
negando o retrocesso
Mas, veem-se crianças socadas
Fome velada
Tortura, escravos
A mesma marca de sangue pisado
pintado como cravado
nos cromossomos que nos guiam.


domingo, 26 de junho de 2016

Natureza.


         No fundo do meu coração eu tenho uma sensação de que morar em São Paulo não é real, o que parece uma incoerência sendo ela uma metrópole que engole uma grande parte da população,essa maquina gigante que fundamenta tantas vidas, mas ainda sim nada me convence que isso é real...

        Pego o metro, ando naquele esteira, sem conseguir dar um passo a frente, aquele mar de cabeças isoladas, cheiro perturbado, tato indiferente, audição formada por um só zunido, a unica coisa que escapa é a mente que trafega em outro horizonte, o que também não é real... fugir do presente e achar que viver dentro de si é dar um bom rumo ao tempo. Tudo instiga a desejar mais, a te prender mais ali, a cavar com seu proprio tempo a ilusão de estar ali.
        Saio do metro e olho para o céu cheia de fome de olhar as nuvens descontroladas, amansando o tempo e cedendo ao vento suas formas, o sol presente,estrela gigante, aqui mau marca o tempo, chove, e minha pele recebe sedenta as águas indomadas que não fecham e se abrem quando quero, apenas caem, peço: me permita ser animal.
          Penso em caranguejos que se escondem na areia, adoro caranguejos, correndo de cá para lá e travando com suas patas uma coragem quixotesca com os humanos, penso nos peixes pequenos na beira d'água fluindo em pequenos grupos e depois imagino ao fundo do mar a riqueza de tantos e tantas cores e animais imensos, na superfície a água em movimento não é explicita, sinto ela como um manto vivo azul vestindo o mar profundo de nossos olhos, tudo se movimenta e em cada parte tem vida.
        Os animais que vi me encantam, todos eles. As tartarugas marinhas em especial, sonho com elas,sempre transcendem. As plantas e suas veias e formas, digitais poéticas e profundas das folhas, as raizes enredadas, veias perfumadas de terra. OS troncos brutos cheios de seivas, de fungos, orelhas de pau, cascas e cascas e amontoados de vidas, e aquela luta travada a cada minuto por cada parte que quer viver, nesse ciclo de presa e predador, de caos formado pelos galhos secos que caem sobre as formigas.
       Sinto na memória meus pés pisando as folhas úmidas, e o som dos pássaros diversos, do vento na copa das arvores, sinto aquela presença úmida da mata, meu esforço por superar cada passo, cada risco... eu sei o que amo.
                  Ao pé da escada duas pombas brigam pelo resto de pão, penso no caos, sinto-me pomba, voo perto, mas descanso ao meio fio de uma rua marginal, penso pomba, depois penso asas e voo mais longe, penso ave mais que pomba e saio dali, vai acalmando o meu peito e esqueço minha ingenuidade em debater meu jardim contra o asfalto, deixo-me ser um matagal nú a enfrentar o silêncio da calçada, meu rompante imaginativo subverte a realidade pouco plausível para meu gosto animal, eu era e ponto, o céu e as nuvens e a chuva que caia, era água , água derramada na pele, água que também era meu corpo, não duvidava mais,: desmascarava ao menos naquele minuto a farsa civilizatória.

   (Foto:Alberto Kirilauskas)

domingo, 5 de junho de 2016

"Sua poesia é como uma receita de drink"

"So, so you think you can tell
Heaven from hell?
Blue skies from pain?"

Como um mantra repetia: Não importa mais.

 E de fato não importava, talvez no silêncio ainda houvesse semelhança com algum passo antigo e um certo aperto no peito, aquele esforço para encobrir a pulsação que salta na blusa esquecidamente desabotoada, aquele liquido quente que escorria por sua cabeça, um dilúvio nos seus pensamentos, afogando a direção a ser tomada... travando seus passos, por ora pensava, e quase rezava: Não importa.

 E passava como um pretenso iluminado por suas vidas, por todas as mortes coaguladas nos seus olhos, no seu passo certeiro: Frente!, embaralhava as cartas passadas: - Todas sou eu! isso posso afirmar.

 Afirmativa essa que trazia uma consciência do limite do seu próprio corpo, do espaço ocupado pela respiração que soltava, morna, saber de si era mergulhar em si mesma, manto de lã rustica, de casa de palha, de sobrevivência e de limites. Enfim, salva.

 Existe um perfume raro nesse lugar, nada de leves rosas, ou doce almiscar, é o cheiro bruto de mata inconsciente, aquela sensação aquatica e terrosa, o gosto elementar bem distinguido. desfigurado de insinuações, é o cheiro natural de estar na sua pele. Mescla de couro e alma, resultando em alguma poesia, que só pode ser intro escutada.