domingo, 2 de setembro de 2012

Intimo.

       O espelho em que me encaro tem trazido em si muitas faces e dentre elas algumas que se despedem inconsalaveis em mim, me despeço sem certeza de partir. Aquilo em que enxergo a realidade tem rebatido minha reflexão lunar e débil, nenhuma estrela nasceu, minhas árvores se despiram e o Mundo em que me enxerto tem se mostrado violento, à uma estranha violação em viver assim, a indelicadeza com aquilo que é essencialmente frágil é um estardalhaço de caos em meu espaço, tenho tentado silêncio, mas meus caninos insistem em se mostrar numa ansia infantil de fazer o rio parar, as gotas do tempo cessarem...meus braços embalam algo e meus lábios balbuciam canções de consolo para meu próprio corpo. Nada morreu, a vida ainda se mostra em profusão, de tamanha forma que é dificil manter o passo em calma, como me apetece andar. 
         Eu tenho permitido que o estado daquilo que é efemero ocupe tudo que há em mim, dissolvido meus pulmões no tempo, deslizado minhas palavras para um recanto meu, correndo para esconder de mim mesma a pureza de algum dito... Nada morreu, a vida continua com sua exuberancia Atlântica, mas meus luares estão ralos...
         Existem passaros azuis em meu céu e isso emociona meu olhar, existem plantas que viveram sempre por terem sido em mim, isso me enternece a voz, traz de longe águas não barrentas, e eu bebo com o cuidado da Alegria que se mostra em fios nascentes, sem a certeza de desaguarem em águas correntes.
 

Um comentário:

  1. Se nenhuma estrela nasceu é porque não dansaste ainda; que música??? pare e escute seu corpo ouça como ele bate ao ver as folhas secas caindo...caindo...vai indo...vailento... Vio(u?)lento é quando perdemos de sentir a vida...essa estranha violação é como uma barragem num rio que corre,corre,corre; semparar. Violação que (n)os faz encher de si mesmos até que (uma hora, um dia(ou noite enluarada)) começa a transbordar como gotas através de uma fenda onde podemos ver...ali a indelicadeza não deve existir, o que é essencialmente frágil está contido (e sentido) e nada deve assim ser...KLEK! um estardalhaço de fato surge (e urge), a fenda se abre e tudo se libera, o caos toma conta; há agua por todo espaço, ela toma o lugar como se não tivesse tido outro lugar pra ir, o silencio agora seria uma indelicadeza, uma grosseria para com a apreciação sentimental do movimento. Participando deste momento eu só rio sem parar; alegre, como sempre, sei que o silencio vai chegar e depois vai decantar tudo que arrasou pelo caminho desse mar a mar. O meu canto eu canto e recanto como os passaros azuis assim o fazem, para chamar nossa atenção do canto que vem do fundo, do canto do coração ou de nosso canto intimo; que intimamos para ver os frutos da natureza e os novos luares que virão, seja em aguas barrentas ou em rios claros, onde os luares não serão ralos.

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