terça-feira, 19 de setembro de 2017

Pelos

"...Je veux d'l'amour, d'la joie, de la bonne humeur
C' n'est pas votre argent qui f'ra mon bonheur

Moi j'veux crever la main sur le cœur.."
(ZAZ)




Eu sou uma pessoa que se arrepia por tudo, tanto que as vezes dói os poros. Me arrepio ao ouvir uma música, e ao lembrar da música e ao falar sobre a música, e só de escrever sobre ela já me arrepio. Muito me toca a dor, a alegria, o amor. Como se o próprio cérebro tivesse uma epiderme exposta e pudesse instintivamente se arrepiar por estar pensando, me arrepio no encontro com o outro, na imagem que o outro me traz. A solidão não me arrepia, mas afinal quando estamos sós? Sempre se tem o vento, a vida e o fluxo, alguma coisa com alma gritando por mim, querendo se conectar e eu não sei ouvir, mas algo em mim sabe, e se arrepia. Expressa sem cerimonias e dificulta alguns diálogos. Li em algum canto que isso tem a ver com sintonizar energias, tendo ao ceticismo em alguns pontos, o discurso muito esotérico me cansa, embora não me escute, por que certamente se o fizesse com a mesma critica sei que também me enquadraria, nos seres que saúdam a lua e conversam com o mar... mas, tudo segue natural, toda a vida mais intima é um segredo. E é minha. 

Na noite mais angustiante, nos dias mais insignificantes, no vazio mais assustador, no desdem, no amor que falta, na falta de sentido, na magoa, nos dias em que o mundo pisa mal sabendo que a gente sente, ainda sim... agradeço por ter um corpo que se arrepia e que sente, vagamente ou uma deliciosa sinfonia a incompreensão e a satisfação de estar viva.

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