Existe uma estranha loucura em todo canto, quase tão rasteira que se confunde com as horas, uma loucura sem forma. De tão insipida mal se percebe, a encaramos com os olhos de quem a reconhece, com uma familiar cortesia a cumprimentamos como se sempre a víssemos no final da tarde.Ela nos responde com os olhos esbugalhados e tristes de quem já não suporta, mas permanece a ruminar seus maus dizeres, seus maus amores, no fundo, seu mau olhar perante a vida.Porque essa loucura não é destemida, mas sim covarde e insonsa e se transveste de normalidade da forma mais mediana que podemos imaginar. Ela beira a educação. O desespero da loucura é o ultimo batimento da formalidade em que ela, por um instante de relapso, grita e se entrega em toda sua extensão com suas hastes e seus caules de asco.
Para mim, essa é a pior loucura de todas. A loucura sem gozo, envergonhada de ser louca se encapota de firmezas...de certezas. Preenche toda sua fome de mil vidas com a moralidade mais desalmada, recheia o copo vazio de saliva áspera, e tira dali seu porre sem cachaça e sem música. Só vocifera todos os pontos finais que lhe cabe e insiste ,sem dúvida alguma, em sempre e sempre afirmar.
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