terça-feira, 12 de abril de 2016

Desabafo.

O intenso trabalho de tirar a sujeira do armário, da cama, do pensamento e das memórias.

Tirar as pedras do caminho, tirar a palavra mal mastigada, aquele peso de lágrimas que se enroscam por anos na garganta. Sei que não existe tempo suficiente para limpar tudo que me torce o peito, que me diminui a Alma... toda essa confusão, esses destroços e essa magoa mesclada de culpa.

Esse peso que me enverga a coluna de não perdoar o julgo que me deram e a ausência de cuidados que tanto precisava, essa força que me gabo e que as vezes me julga e prende. Essa robusta marca de quem enfrenta de frente, supondo que a onda é sempre menor e quando pequena intuindo as tempestades que surgirão.

Esse trabalho é de uma vida toda, mas sei bem que Ela pede urgência, me coloca sentada, parada, muda para mastigar e enfiar engolir o amargo que não alimenta, mas de certa forma cura, porque assenta as dores na nossa Alma eterna, dor essa que foi vista, não ignorada, pois já sei bem que esse seria o pior caminho.

Me impressiona demais a Psique humana, Potencialmente maravilhosa e corriqueiramente baixa, com armadilhas tão reais que é possivel sangrar por elas..esses míudos cacos passados que ainda me lacrimejam os olhos e me guiam para erros já intimos do meu coração.

Porque no fundo o clamor é romantico no seu triangulo de perfeição: Beleza, justiça e verdade, mas por ora debate-se todas as miudezas que cada oposto dessas palavras carrega... agora penso na capa do Pink Floyd e seu prima, trazendo da luz branca suas outras muitas facetas coloridas...eis o potencial, mas tanto se perde em alguma buraco negro que nada reflete, nada transforma, só se alimenta das nossos medos passados e das nossas confusões terrenas.

Sempre  achei que os relacionamentos amorosos tendem a ser uma valiosa porta de conhecimento, ele ativa uma parte tão viva e cheia de energia em nós que tudo se renova, gostos, texturas, esperanças, todo aquele movimento raro que traz a beleza a tona, que enche de sentido as horas... por seu oposto compreendo que vem deles o grande expurgador de complexos, ele desenterra monstrinhos esquecidos, toda magoa amorosa vai na minha medula primordial, move meus ossos, meu sangue... minhas marcas.

Amor é Renovação sem dúvida, nem que seja a base da hemorragia!

 As vezes eu acho que é uma questão de aguentar... li esses dias que Amor é "ficar quando cada célula do nosso corpo nos manda fugir." Faz sentido. Muito sentido, alias.

Confesso que tenho fugido demais, animal mais acuado esta dificil de encontrar.

Com o tempo percebo que a grande sacada...a grande vitória ou verdade digna de ser proferida nessa vida é: Ser fiel a sua melhor parte. Grudar nela, lutar por ela com toda sua força e amor e quando estiver arregaçado(porque a vida tem dessas coisas...) continuar firme, não mover os pés!- depois a gente fala das asas, no vento e da leveza, mas hoje falo de raízes- existe um mundo todo querendo ter mais pés para ele pisar e faze-lo correr mais para o abismo... não quero ser um deles, ao menos se já estou sendo, não quero mais...

Me interessa saber como limpar minha Alma. Me interessa não voltar a infancia primeira e me acuar na ingenuidade, isso seria perder-se, perder ao tempo... me interessa como ser integra sendo a mulher que sou, tendo as dores que tenho, as lutas que passo, os amores que carrego, os amores que perdi... me interessa a concentração de desatar meus nós.

Estou profundamente desinteressada em parecer interessante nesse momento. Em soar leve, em vender alguma alegria... me disporia a andar surrada, descabelada, ignorada, qualquer coisa, desde que aquela passaro...aquela alma, vibrasse inteira em minha pele.





Nenhum comentário:

Postar um comentário