segunda-feira, 29 de abril de 2013

Big Bang.

Eu poderia não suportar as amarras, arrasar o muro com o dilacerante sim do meu coração, grito inundante de tudo que não sou , eu poderia debruçar os meus ardis no fogo dos meus olhos e vê-los gozar em chamas até desistirem de ser e serem em mim só sombra esquivada dos meus desejos.Eu poderia apaziguar meus demônios do excesso dando-lhe apenas algumas lágrimas vencidas, embebedando assim seu Ego e constranger sua violência a apenas um suspiro de penumbra.

Mas não o faço, queimo junto, abro meu coração para a tempestade e ela vive em mim, como se o céu de chumbo que hoje reina fosse seu lar e nos meus olhos o desejo de esbanjar o Amor vai descamando todos meus pensamentos, vai condensando cada respiração para um núcleo que tem o meu nome, mas ecoa o dele.

Esse núcleo se derrama por minhas horas, numa tensão torpe de quem respira e chama e na ânsia de fazer ambos cambaleia, e vislumbra a realidade da inerente mãos dadas e a respiração unida, como se a vida do outro não se limitasse ao seu corpo, transferisse, morresse vento nos pulmões daquele que cede a si de forma desnuda.

O ponto que falo é completo e carrega em si todo seu oposto, o rancor e a doçura, de ter seu peito rasgado e reconstruído.

Nenhum comentário:

Postar um comentário