quarta-feira, 29 de maio de 2013

Ninguém.

Ninguém aparecerá na esgueira dessa porta, abrindo uma outra aurora para esses olhos cansados de tantas estações, ninguém virá sorrir teus beijos quando disposto ao silêncio entregar ao tumulto alienante do seu próprio eu, ninguém vai fazer folia com sua imersa alegria nem enterrará em cerimônia a pandemia de suas vísceras sagradas, nenhum broto vai nascer no tronco amargo da sua medula espinhal caso se aposse da pose agreste de feto mau concebido.

Não existe espaço para que o vento cante quando a ausência de amor...(ou algo que se assemelhe a isso) faz morada, não existe chance para quem não sabe se virar do avesso, quem espera sem acenar, quem pedi sem dizer nem olhar... não existe outra voz para quem não enfeita seu próprio canto, não existe verdade que caiba em quem só vê o ponto que lhe dói, não existe paixão que sobreviva a pressa, não a prece que salve o   si de ser a si mesmo.

Não existe leveza para quem ignora o peso, nem para quem supõe-se mártir a carrega-lo. 

Existe uma sabedoria minima em se viver bem apesar de...apesar de...
Ninguém te ensina isso, nem livros nem conselhos... vamos batendo e errando, batendo e acertando...parando de bater aprendendo a desviar sem deixarmos de nos despir...livres.

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