Serena minha voz não saiu
Suave pueril
Mal se ouviu
Rouca engasgada
Parecia assombrada
Corpo mal encarnado
Eu cristalina menina
Não canto
Já não sou
Não carrego
Meu amor maiúsculo nem o sonho imaculado
Não trago o suave verso, esse perfume incerto
Essa rosa doce e gentil
Triste aceno em dizer adeus:
Parte.
Elevo o tom
A voz sai mais clara
Mais forte, meio ordenada
Não de oposta ao caos
mas de aposta a resposta sábida
Dois tons
Sem agudez
Firme, não me estranho
sou mulher e sei
Mais floresta que jardim
Sou algo ainda não formado
Mas preenchida
Sem espera
Um incomodo
Não desafinado
Sangue direcionado
Pulsa e retorna
Veia e cadência
Sorrio
Penso em Nietzsche enquanto canto no chuveiro, e revejo que não sou mais camelo, mas sim leão sonhando ser criança.
Respiro
E rio enfim, por saber que ninguém se importa.
Nenhum comentário:
Postar um comentário